quarta-feira, 6 de abril de 2016

O desafio de viver como Jesus

João Soares da Fonseca

Discipulando ou Discipulador?

Discipulado. O que é isso?

Discipulado é um programa de acompanhamento de crentes, novos ou antigos na fé, que desejam crescer espiritualmente. Jesus nos mandou pregar o evangelho (Mateus 28.19-20). Bem ou mal, a igreja tem feito a sua parte, indo e batizando. Mas temos falhado feio no que tange ao discipulado. Daí “novos decididos” não se firmarem na fé e crentes recém-batizados não prosseguirem crescendo espiritualmente.

Como é desenvolvido esse ministério?

Uma vez por semana, durante treze semanas (um trimestre), duas pessoas, preferivelmente do mesmo sexo, se reúnem para ler a Bíblia e discutir o conteúdo do que foi lido, aplicando-o às suas vidas. O contato pessoal ajuda a fortalecer os passos especialmente de quem está se iniciando na caminhada cristã. Além disso, essas duas pessoas vão se tornar amigas para o resto da vida, e uma será sempre apoio espiritual para a outra nas horas difíceis. Cada encontro se encerra com uma oração, feita ora pelo discipulador, ora pelo discipulando.

Qual o local, dia e hora dos encontros?

Pode ser no trabalho de uma delas, na casa, ou ainda na igreja; em dia e hora que for melhor para os dois lados. Os estudos, fornecidos abaixo, se estruturam em forma de perguntas e respostas. Por quê? Porque segundo pesquisas, a mente humana retém melhor as coisas, na seguinte ordem: O que ouve (nível mais fraco), o que vê, o que faz e o que debate (nível mais forte).

O que acontece depois de concluído o discipulado?

Aqui está a chave do sucesso deste ministério: o discipulando passa a discipulador. Ele se compromete a transferir tudo o que aprendeu para uma terceira pessoa. Por sua vez, o discipulador encontra um novo discipulando, e o processo se reinicia.

Quem pode ser discipulador?

Qualquer crente desejoso de crescer e ver crescer o outro pode se voluntariar a ser um discipulador.


INSTRUÇÕES GERAIS

1. Responder ou ficar calado?

Não caia na tentação de responder as perguntas. Se o discipulando ficar em silêncio por alguns segundos, pensando numa resposta, deixe-o. O silêncio faz bem à reflexão. 

2. Seja educado 

Ao chegar, pergunte como foi a semana. Não é para matar o tempo, mas é realmente para que o discipulador possa detectar problemas ou falhas, que merecerão a sua atenção. Um certo discipulando, durante as conversas, revelava impaciência no trato com as pessoas. Quando o discipulador notou isso, começou a mostrar a importância de ser paciente, segundo o Novo Testamento.

3. Falar mal de alguém?

Não deixe que a conversa resvale para a maledicência. Não ataque nenhuma igreja, denominação, nenhum pastor. Fale apenas de Jesus.

4. Para que essa lupa?

Se precisar localizar um texto na Bíblia, use uma Concordância Bíblica. Hoje, as Bíblias disponíveis nos celulares oferecem o recurso Procurar, simbolizado por uma lupa.

5. O que fazer quando o discipulando fizer uma pergunta e o discipulador não souber responder?

Ninguém é detentor de todo o conhecimento. Só Deus. Surgindo questões fora do seu domínio, o discipulador encaminhará a dúvida a quem possa responder: um diácono, um professor da EBD, um outro discipulador, um pastor membro da igreja, um ministro auxiliar ou o pastor da igreja.

6. Que tradução usar?

Há hoje várias traduções, possibilitando melhor compreensão do texto bíblico: a NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) e a NVI (Nova Versão Internacional) são traduções em linguagem contemporânea. Quem preferir uma tradução formal, tem na Almeida Século XXI uma excelente ferramenta. Hoje essas e muitas outras traduções estão disponíveis em Apps para celulares. É como disse F. B. Meyer, “qualquer tradução é melhor do que nenhuma”. É importante que os dois (discipulador e discipulando) usem a mesma tradução.

7. Ore diariamente pelo seu discípulo

Ele se sentirá feliz, sabendo que alguém está orando por ele diariamente.'




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A seguir, algumas sugestões de estudos para novos crentes ou não crentes ainda mas que estejam desejosos de conhecer a Palavra de Deus.

IMPORTANTE - Leve somente as perguntas para o encontro com o seu discípulo. As "possíveis respostas", dadas logo abaixo, são para a orientação do discipulador; não são para serem lidas para o discipulando. Lembre-se que o discipulado é feito em forma de conversa e não de pregação ou de aula.

Está pronto? Prepare-se para grandes emoções!!!!



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Primeiros Passos 

Primeiro encontro - O Filho Pródigo (Lucas 15.11-24)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Por que o filho mais novo quis sair de casa?

2. Por que foi para uma terra tão distante?

3. Havia qualidade de vida longe da casa do pai? Por quê?

4. Voltou para ser recebido como filho ou empregado?

5. Mesmo perdoado pelo pai, o jovem recuperou o dinheiro que desperdiçou na terra distante?

6. Quem é quem nesta história?

7. Por que Jesus contou esta história?

Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Por que o filho mais novo quis sair de casa?

Deixe o discipulando raciocinar por quê. Depois você pode acrescentar: ele saiu por imaturidade (“filho mais jovem”), saiu por ilusão (achando que sua felicidade estaria lá longe), mas a causa principal foi a insubmissão à vontade do pai. Achava que o pai o limitava, que era um obstáculo à sua felicidade. Quis experimentar as coisas novas do mundo; queria ser independente. Ele achava que a dependência que ele tinha do pai não era boa para ele. A figura do pai tirava a sua liberdade, pensava. Queria emoções? Talvez. A casa do pai seguia uma certa rotina, e ele achava que aquilo não era vida; que ele merecia coisa melhor.

2. Por que foi para uma terra tão distante?

O fato de ter ido para uma terra distante comunica a ideia de que ele queria o máximo de distância possível de seu pai. Não queria ter a menor interferência do pai em sua vida, acreditando que longe estaria feliz. Queria estar longe do controle do pai. Queria estar longe dos olhos do pai. Concorda?

3. Havia qualidade de vida longe da casa do pai? Por quê? Ou por que não?

Enquanto durou o dinheiro que levara da casa do pai, parecia viver o sonho da sua vida. Mas o que aconteceu quando o dinheiro acabou? Ficou na rua da amargura. Então o que fez ele? Foi procurar emprego. Encontrou? Nem era emprego. Diríamos hoje que era um sub-emprego.

E aqui há um detalhe cultural importante para se salientar: Jesus contou essa história inicialmente a um auditório de judeus. E para os judeus, cuidar de porcos era a última coisa a fazer na vida. Seria preferível morrer de fome a cuidar de porcos, pensava o judeu.

O jovem rebelde foi cuidar de porcos, e “ninguém lhe dava nada”. Parece que solidariedade também não era um conceito conhecido naquela terra distante.
Que fez ele então? Pensou em voltar. Ensaiou voltar. Ensaiou até o que dizer, não foi? Acho que ele fez a viagem de volta recitando o seu breve discurso que faria quando chegasse perto do pai.

4. Voltou para ser recebido como filho ou empregado?

Ele queria trabalhar com o pai: “faze-me como um dos teus trabalhadores” (ou “jornaleiros”, como traduziu a Revista e Corrigida). Por que queria ser empregado? Porque na casa do pai os empregados eram bem tratados. Tinha comida melhor que a dele ali, junto aos porcos.

Por que não pediu para ser recebido como filho mas sim como empregado? Porque ele se achava INDIGNO de ser chamado filho.

Quando a gente vai procurar emprego, que documento a gente leva? Que documento é usado para empregar alguém? Resposta certa: carteira profissional. Então poderíamos dizer que é como se ele voltasse para casa com uma carteira de trabalho na mão, concorda? Mas o pai o empregou imediatamente? O pai atendeu-lhe o pedido?

Ou ainda: O pai o recebeu como empregado ou como filho?

Qual é o documento que fala de nascimento e de filiação? Não é uma Certidão de Nascimento? Então poderíamos dizer, para a conversa ficar mais colorida, que o filho voltou para casa, levando uma carteira de trabalho. Mas o pai o recebeu com uma Certidão de nascimento. Dizendo pra ele algo como: Nada disso, empregado coisa nenhuma, você é meu filho.

E quando pôs um anel no dedo e mandou matar um boi... o que o pai estava dizendo com isso?

Que ele continuava sendo filho; e que foi perdoado, não é?

5. Mesmo perdoado pelo pai, o jovem recuperou o dinheiro que desperdiçou na terra distante?

Note que o arrependimento dele NÃO alterou as consequências de seus atos no passado. Com o pecado também é assim: nós erramos, podemos nos arrepender, seremos perdoados (o pai fará uma festa), mas as consequências não podem ser canceladas. Se eu cometo um crime, por exemplo, se tiro a vida de alguém, e depois me arrependo, será que Deus me perdoará? A Bíblia diz que sim. Mas e o morto, voltará a viver?

Qual foi a consequência, no caso do jovem? Desperdiçou metade da fazenda, jogou fora anos e anos de suor do pai; ficou magro, passou fome, perdeu tudo. Foi viver e comer com porcos.

6. Quem é quem nesta história?

Pergunte, para ajudar, quem é o pai? O aluno certamente responderá com o óbvio: é Deus. Você pode completar: De fato, só Deus pode amar assim. A Bíblia diz: “Porque Deus amou o mundo...” (João 3.16). Quem poderia perdoar desse jeito senão Deus?

Em seguida, pergunte: E quem é o filho? Normalmente aí há um titubeio. O aluno fica em dúvida. Alguns até chegam a responder perguntando: “É Jesus?”. Ajude-o a ver que o filho sou eu, é você, somos nós. Se o aluno concordar, avance um pouco mais, e faça um exercício de adaptação, tomando o enredo da história e em lugar do filho, coloque “homem”. Assim: o homem saiu da presença do Pai (Deus) e foi para uma terra distante, dando as costas para Deus. O pecado também distancia o homem de Deus (Isaías 59.2). Lá longe, ele começa a passar necessidades, porque longe de Deus, o homem tem falta de tudo. Vai cuidar de porcos; desce para o submundo. E morre de fome. Porque nossa alma tem fome do Deus Vivo (Salmo 42.2). Mas espere aí: nós fomos para longe de Deus? Quando? Como? A Bíblia diz que “todos pecaram, e separados estão da Glória de Deus” (Romanos 3.23).

No fundo do poço, o homem se lembra de Deus e dos recursos que Deus tem para oferecer. E aí, cai “em si”. O dia mais feliz na vida de uma pessoa é quando ela cai em si. É o dia em que a pessoa reconhece que viver longe de Deus é desperdiçar a vida; e admite que ela precisa de Deus. E depois disso é que ela toma a decisão de retornar para a casa do Pai.

7. Por que Jesus contou esta história?

(Esta é a pergunta que acho mais difícil. Mas não precisa dizer isso para o seu discípulo).

Jesus sempre contava parábolas, histórias com uma ou mais lições. Mas por que contou esta história especificamente? Para ajudar a responder, veja o início do capítulo: Lucas 15.1-3. Diz assim:

15.1 Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se dele para o ouvir.15.2 Mas os fariseus e os escribas o criticavam,* dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.15.3 Então contou-lhes esta parábola

Neste ponto, você talvez tenha que explicar quem eram os publicanos e os chamados “pecadores” (do verso 1) e os fariseus e os escribas (do verso 2).

Os publicanos eram funcionários públicos (judeus) que recolhiam impostos do seu próprio povo para repassá-los aos romanos, mediante gorducha comissão. Eram os agentes da Receita Federal Judaica. Por isso, os publicanos eram vistos como traidores da pátria, homens sem perdão.

“Pecadores”, segundo os fariseus, eram todos os outros: beberrões, boca suja, prostitutas.... A maravilha, porém, é que essa gente, considerada a escória da sociedade (verso 1), vinha ouvir Jesus. 

Veja que o verso 2 diz: “Mas os fariseus e os escribas o criticavam [Jesus]”. Quem eram eles?

Os fariseus e os escribas eram os “santarrões”, os super-hiperreligiosos. Eles olhavam as pessoas de cima pra baixo, desprezando-as; por isso eles as chamavam de “pecadores”. Esses é que criticavam Jesus (diz o verso 2). Ou seja, achavam-se tão perfeitinhos, que não precisavam de Jesus. Quem se acha perfeitinho ou santarrão, melhor que todo mundo, não tem a humildade de dizer a Jesus: “Senhor, preciso de ti”.

Agora, para completar a história, volte ao capítulo 15 e leia a continuação / conclusão da parábola (versos de 25 a 32), e responda à pergunta:

“Quem era o filho mais velho?” Ficará claro que eram os fariseus, os religiosos, aqueles cuja religião os impedia de ir a Cristo.

Termine perguntando: “E aí, gostou da história? Semana que vem tem mais”.
Em seguida, faça uma oração, agradecendo a Deus o fato de nos ter perdoado e nos recebido de volta em sua presença!

Discipulador, sugiro que você leia o texto bíblico umas 10 vezes, até que todos os detalhes da história fiquem cravados na sua mente.



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Primeiros Passos

Segundo Encontro – Nicodemos (João 3.1-21)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Quem eram os fariseus? (v. 1)

2. Por que Nicodemos “foi encontrar-se de noite com Jesus”? (v. 2)

3. Segundo Jesus, o que é preciso fazer para ver e entrar no reino de Deus? (vv. 3,5)

4. Esse novo nascimento é biológico? É literal? (vv 4, 6)

5. Essa experiência é fácil de explicar? (v. 8)

6. De acordo com os vv. 13-18, quem é que pode nos salvar da condenação eterna?

7. Quem é a luz, referida nos vv 19-21? (conforme João 8.12).

8. Você já nasceu de novo?

Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Quem eram os fariseus? (v. 1)

No final do estudo anterior, esta pergunta foi respondida: "Os fariseus e os escribas eram os “santarrões”, os super-hiperreligiosos. Eles olhavam as pessoas de cima pra baixo, desprezando os outros, que eles chamavam de “pecadores”. Esses é que criticavam Jesus (diz o verso 2). Ou seja, achavam-se tão perfeitinhos, que não precisavam de Jesus. Quem se acha perfeitinho ou santarrão, melhor que todo mundo, não tem a humildade de dizer a Jesus: “Senhor, preciso de ti”."

A palavra "fariseu" quer dizer "separado". Porque, de fato, eles se separavam das pessoas, pra não se contaminarem, diziam. Crê-se que no tempo de Jesus havia uns 6.000 fariseus.

2. Por que Nicodemos “foi encontrar-se de noite com Jesus”? (v. 2)

O detalhe é: Por que "de noite"? Quando escurecia na Palestina, ninguém se movimentava. Era hora de dormir. Só os que desejavam esconder alguma coisa é que se aventuravam a sair pelas ruas.

Nicodemos não queria ser visto como alguém que vai procurar um rabinozinho desconhecido, do qual todos falam mal. Jesus seria o líder da ralé, e Nicodemos era "um príncipe", um líder daquele povo. João 7.48-52 (leia) mostra Nicodemos tentando defender Jesus de seus implacáveis e injustos acusadores. Baseada nessa palavra, existe a suposição de que ele fosse membro do Sinédrio, que era uma espécie de Supremo Tribunal Federal dos judeus. Então Nicodemos era uma autoridade, aquilo que na gíria hoje se diz "bigode grosso".

3. Segundo Jesus, o que é preciso fazer para ver e entrar no reino de Deus? (vv. 3,5)

Para ver (verso 3) ou entrar (verso 5) no Reino de Deus, é preciso, diz Jesus, "nascer de novo". O novo nascimento é então o ponto de partida do nosso relacionamento com Cristo. Ninguém entra no Reino de Deus por ser zelosamente religioso, ou moralmente bonzinho, como acreditavam os fariseus. É preciso nascer de novo.

Quando eu leio este texto, eu gosto de pensar na aparente indiferença de Jesus. Veja que é como se Nicodemos fosse a Jesus com um caderninho cheio de perguntas. Ele quer saber "como" é que são feitos os milagres. Como é que se operam essas maravilhas. Qual a explicação para isso? É coisa de Deus? Não é?   

Jesus poderia ter dito: "Olha, Sr. Nicodemos. Estou muito feliz que o senhor tenha vindo me procurar. E vou lhe responder: Eu faço os milagres da seguinte maneira: (...)".  Mas não. Parece que Jesus simplesmente ignora a pergunta séria do homem, e vai direto ao ponto: Você precisa nascer de novo. Porque se não nascer de novo, NÃO VAI entender, não vai crer, não vai vibrar com a obra de Deus. Jesus não estava preocupado com as perguntas dele tanto quanto estava preocupado em que ele soubesse como experimentar o maior milagre, que é a salvação através do novo nascimento. 

Na visão de Jesus, a pergunta de Nicodemos poderia satisfazer o intelecto de Nicodemos, mas Jesus queria atingir o coração dele. A salvação não consiste em a gente entender as coisas, mas crer numa pessoa, que mais tarde no diálogo Jesus dirá quem é (João 3.16). 
      
4. Esse novo nascimento é biológico? É literal? (vv 4, 6)

Literal não pode ser. Porque para ser literal, a pessoa teria que "entrar no ventre de sua mãe e nascer", como bem argumentou Nicodemos. Impossível. Portanto, Jesus não está falando de um nascimento biológico, mas, sim, espiritual. É um renascer para Deus e para a vida. O indivíduo é transformado numa "nova criatura". Como diz Paulo, "Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2Coríntios 5.17). 

5. Essa experiência é fácil de explicar? (v. 8)

O novo nascimento é uma experiência que beira o inexplicável. Assim como o homem comum não sabe explicar a presença do vento nem a sua procedência, o nascido de novo também não sabe explicar como se operou nele o novo nascimento. O vento é livre; é incontrolável, "sopra onde quer". Quando nascemos de novo, o Espírito Santo passa a dirigir-nos, e é ele quem controlará as nossas vidas dali por diante.

Assim como o vento não é palpável, nem visível, mas você não nega que ele está ali, assim também é a vida do nascido de novo. Haverá muitas coisas que a gente não saberá explicar, mas nem por isso deixam de ser reais. Ninguém negaria a existência do vento só porque não pode, digamos, engarrafá-lo, como sugeriu alguém.

6. De acordo com os vv. 13-18, quem é que pode nos salvar da condenação eterna?

Os versos citados dizem: "Ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, o Filho do homem.*3.14 Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, também é necessário que o Filho do homem seja levantado;3.15 para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.3.16 Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.3.17 Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele.3.18 Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê, já está condenado, pois não crê no nome do Filho unigênito de Deus".

Aqui está a "essência do cristianismo", a coisa mais importante da nossa fé: Jesus veio, por amor, e se ofereceu para nos substituir na cruz. "Quem nele crê não é condenado" (diz o verso 18).

7. Quem é a luz, referida nos vv 19-21? (conforme João 8.12)

Os versos 19-21 dizem: "E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram as trevas em lugar da luz, pois suas obras eram más.3.20 Porque todo aquele que pratica o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam expostas.3.21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que se manifeste que suas obras são feitas em Deus".

Esta conversa de Jesus com Nicodemos foi de dia ou à noite? À noite, certo. Havia luz elétrica? Não. Então, eles conversaram diante de uma luz fraquinha, como até há pouco acontecia em zona rural. Mas qualquer luz é melhor do que nenhuma, não é assim?

E Jesus diz a ele que "a luz veio ao mundo" (v. 19). Há um versículo em que Jesus diz: "Eu sou a luz do mundo" (João 8.12).

E aqui está uma verdade que entristece: Jesus é a luz do mundo, "mas os homens amaram as trevas em lugar da luz, pois suas obras eram más", como diz o verso 19. Os homens preferiram as trevas.

Então, de acordo com esses três últimos versículos, por que os homens se afastam da luz? Por que se afastam de Jesus?

Porque suas ações eram más, e amaram mais as trevas do que a luz. Triste, não?

E agora a última pergunta, que é bastante pessoal:

8. Você já nasceu de novo?

A tendência aqui vai ser a pessoa responder "Sim", se já é um crente novo. Ou: "Não".

Talvez fosse bom perguntar a quem respondeu Não: "Você não quer aproveitar este momento para pedir ao Senhor que dê a você a experiência do novo nascimento?"

Uma coisa precisa ficar bem clara: O indivíduo não nasce de novo por si mesmo. Não se trata de resultado de um esforço pessoal. É ato de Deus na vida da gente. Ele é que nos faz novas criaturas. Então pergunte: "Você quer?"

Ele pode ficar em dúvida e perguntar: "Que que eu tenho que fazer?"

Responda sem medo: "Basta que você convide Jesus aqui e agora para lhe dar essa experiência. E o convite a ele se faz por meio da oração. Diga pra ele: Jesus, gostaria de nascer de novo".

E se a pessoa responder: "Não. Hoje não", o que você vai fazer?  Nada. A decisão é dela. Se Deus não obriga ninguém a crer, não é a gente que vai fazer isso, é?

Se a pessoa disser Não, repito, não se preocupe. Outros estudos virão, e ela terá mais contato com a Palavra. E a "fé vem pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Cristo" (Romanos 10.17).

Deus o abençoe, discipulador!



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Primeiros Passos

Terceiro Encontro – A Mulher Samaritana (João 4.5-30, 39-42)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:
1. Ao falar com uma mulher samaritana, Jesus quebrou dois tabus de uma só vez. Você saberia dizer quais? (v. 9) 
2. Nos versos 10 e 11, a que Jesus comparou a salvação? 
3. Como é que se mata a sede da alma? 
4. Por que Jesus, nos versos 16-18, faz referência aos casamentos fracassados daquela mulher? 
5. Qual o ensino de Jesus sobre a verdadeira adoração? (cf vv. 19-24) 
6. “Eu sei que o Messias... virá”, disse a mulher (v. 25). O que significa isso? 
7. Ao descobrir que Jesus era o Messias, que fez a mulher? (vv. 28-30)
8. Qual o verbo mais importante dos versos 39, 41 e 42? (Crer)
Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Ao falar com uma mulher samaritana, Jesus quebrou dois tabus de uma só vez. Você saberia dizer quais? (v. 9)

O primeiro tabu que Jesus quebrou foi o fato de conversar com uma mulher. Um homem não se dirigia a uma mulher em público.

O segundo tabu foi que, sendo judeu, se dirigiu a uma mulher samaritana. Judeus e samaritanos viviam às turras. Quando um judeu ia caminhando e vinha um samaritano, o judeu atravessava a rua para evitar contato com o outro. Algumas vezes, Jesus foi acusado de ser samaritano (João 8.48). Noutra ocasião, os samaritanos recusaram-se a hospedar Jesus e os discípulos, porque "viajava para Jerusalém" (Lucas 9.51-55).

A origem dos samaritanos é simples de explicar: Depois da morte de Salomão, a Palestina sofreu uma divisão, criando-se assim dois reinos: o do Norte (capital Samaria) e do Sul (capital Jerusalém). No ano 722, o rei assírio Salmanasar conquistou o reino do Norte, e transplantou estrangeiros para Samaria. Dessa fusão surgiram os samaritanos (leia 2Reis 17).

2. Nos versos 10 e 11, a que Jesus comparou a salvação?

Esses versos trazem: "Jesus lhe respondeu: Se conhecesses o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me um pouco de água, tu lhe pedirias e ele te daria água viva. 11 E a mulher lhe disse: Senhor, tu não tens com que tirar a água, e o poço é fundo; onde, pois, tens essa água viva?".

A salvação é comparada por Jesus a "água viva". É a água que dá vida eterna ao indivíduo que dela fizer uso. Jesus faz um contraste entre a água da terra e a da vida. A da terra não é capaz de matar a sede permanentemente. Por isso é preciso ir sempre à fonte buscá-la. Mas a água da vida mata a sede da alma. Essa água especial é "dom de Deus" (verso 10), como afirma Jesus.

3. Como é que se mata a sede da alma?


Aproximando-se da fonte, que é Cristo. É importante destacar esta expressão "sede da alma". Davi escreveu: "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Salmo 42.2). Nosso interesse pelas coisas espirituais é uma prova de que temos sede de Deus e queremos satisfazer a nossa sede. Infelizmente há os que buscam matar essa sede em poços envenenados, em depósitos de água parada. Jesus é a água da vida.

4. Por que Jesus, nos versos 16-18, faz referência aos casamentos fracassados daquela mulher?


Sem que a mulher dissesse qualquer coisa, Jesus sabia que ela tivera "cinco maridos" antes, e agora estava na sexta experiência. É de se perguntar por que tantas tentativas conjugais? Certamente aquela era uma mulher de relações difíceis. Era uma criatura infeliz. Talvez procurasse nos homens a felicidade que só se encontra em Deus. Cada casamento era uma frustração. Ninguém resolvia a crise existencial daquela mulher. Aliás, nenhum homem ou mulher é capaz de nos proporcionar a verdadeira felicidade. Lembre-se que nossa alma tem "sede de Deus, do Deus vivo". E só ele é que pode resolver os nossos conflitos mais íntimos.

Poderíamos ser tentados a pensar que a salvação das nossas almas, sendo um assunto tão fortemente espiritual, nada tenha a ver com a nossa vida conjugal. Mas ao chamar a atenção para esse tópico da vida da mulher, Jesus estava dizendo que é tremendamente importante que seu relacionamento com Deus influencie a sua vida íntima. Nossa vida espiritual não é um departamento separado dos outros da nossa vida. O grande missionário na China, Hudson Taylor, dizia: “Se o seu pai ou sua mãe, seu irmão ou sua irmã, ou mesmo o seu gato ou o cachorro em sua casa não ficarem felizes porque você é um cristão, é de duvidar se você de fato é um”.

5. Qual o ensino de Jesus sobre a verdadeira adoração? (cf vv. 19-24)


"E a mulher lhe disse: Senhor, vejo que és profeta.4.20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.  4.21 Então Jesus lhe disse: Mulher, crê em mim, a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.  4.22 Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus.  4.23 Mas virá a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai no Espírito* e em verdade; porque são esses os adoradores que o Pai procura.  4.24 Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem no Espírito e em verdade".

Ao descobrir que Jesus é um profeta, a mulher aproveita a ocasião para fazer uma pergunta a ele: onde se deve realmente adorar a Deus? Qual o local que Deus prefere? O local dos judeus (o templo de Jerusalém?) ou o local dos samaritanos (monte Gerizim)? Observe que a mulher disse "neste monte", dada a proximidade do monte com o poço onde conversavam; certamente a mulher apontou para o monte.

Jesus aproveita a ocasião da pergunta e deixa uma lição rara: o problema da adoração não é o local, mas sim a atitude do adorador. O verso 24 aí é de capital importância na discussão sobre adoração.

6. “Eu sei que o Messias... virá”, disse a mulher (v. 25). O que significa isso?

Messias? Que personagem é esse? Era crença milenar, entre judeus e também entre samaritanos, que um dia Deus enviaria um rei poderoso, que iria libertar Israel da ditadura dos estrangeiros, inaugurando assim uma era de triunfos, paz e prosperidade. Os profetas do Antigo Testamento falaram extensamente da vinda desse personagem. Alguns profetizam o local do seu nascimento (Miqueias 5.2), o modo humilhante da sua morte (Isaías 53), etc. Alguém chegou a contar 333 profecias no Antigo Testamento, que se cumpriram em Jesus de Nazaré. Por isso, como disse Pedro, pregando na casa do italiano Cornélio: "Todos os profetas dão sobre ele [Jesus] testemunho de que, por meio do seu nome, todo o que nele crê receberá o perdão dos pecados." (Atos 10.43). 

7. Ao descobrir que Jesus era o Messias, que fez a mulher? (vv. 28-30)

Deixou tudo e correu à cidade a anunciar aos seus conterrâneos que Jesus poderia ser o Messias (A palavra hebraica "Messias" em grego é traduzida como "Cristo"):
4.28 Então, a mulher deixou ali seu cântaro, foi à cidade e disse ao povo:4.29 Vinde, vede um homem que me disse tudo o que tenho feito; será ele o Cristo?4.30 Saíram, pois, da cidade e foram ao encontro dele.
Os samaritanos convidaram Jesus para se hospedar com eles por dois dias (João 4.40). Isso já foi um milagre, considerando o que aconteceu em Lucas 9.51-55. No final desses dois dias, os samaritanos mostravam outra atitude:
"E diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo" (João 4.42). 
Note que os samaritanos reconheceram que Jesus era "o Salvador" não apenas dos judeus, não apenas dos samaritanos, mas "do mundo".

8. Qual o verbo mais importante dos versos 39, 41 e 42?


Leia de novo esses versos, e você descobrirá que é o verbo "crer". Sem o crer em Cristo, nenhuma pessoa será salva. Você já crê em Cristo como Salvador pessoal?  Ele é "o Salvador do mundo", mas o mais importante é ele ser o SEU Salvador, prezado amigo.

Deus o abençoe, discipulador!


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Primeiros Passos

Quarto Encontro – Viagem para a Nova Vida (Atos 8.26-40)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Se um anjo deu uma ordem a Filipe (v. 26), por que o mesmo anjo não evangelizou o eunuco?

2. Filipe morava em Cesareia (v. 40), onde morava muita gente. Qual o sentido de se mandar alguém sair de uma área densamente povoada para ir a um “caminho deserto” (v. 26)?

3. Como podemos deduzir que este homem tinha fome de Deus?

4. Se os eunucos não podiam entrar no templo (Dt 23.1), aquela foi uma viagem perdida. Ou não?

5. Por que a leitura de Isaías (v. 30) foi importante na evangelização do eunuco?

6. Começando por Isaías, de quem Filipe falou (v. 35)?

7. Como consequência desse contato, Filipe batizou o eunuco (v. 38). Quem tomou a iniciativa de ser batizado? (v. 36)

Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Se um anjo deu uma ordem a Filipe (v. 26), por que o mesmo anjo não evangelizou o eunuco?

De início, esclareçamos o que é um "eunuco". A palavra é grega: vem de "eunê", cama e "écho", vigiar. Portanto, "vigilante da cama". É que os reis, no antigo Oriente, mantinham haréns, a sua coleção de mulheres. Um homem castrado ganhava a vida exercendo a função de tomar conta das mulheres do harém do rei.

Respondendo à primeira pergunta com uma outra pergunta: não teria sido mais prático da parte de Deus enviar um anjo diretamente a pregar para o eunuco naquela estrada solitária? Não teria sido mais fácil o anjo mesmo se dirigir ao eunuco e anunciar-lhe a graça de Deus?

Ocorre que a pregação do evangelho é privilégio das criaturas humanas, não de anjos. Como veremos no estudo 6, Cornélio era um homem sério, muito religioso, fiel, generoso. Um dia, enquanto orava, foi visitado por um anjo, que poderia ter falado diretamente a ele sobre como ser salvo. No entanto, o anjo deu instruções para que ele mandasse trazer Pedro à sua casa (Atos 10).

Em Lucas 16.19-31, Jesus contou uma parábola. No final, o homem condenado, que está no inferno, pede a Deus permissão para retornar à terra para falar aos seus irmãos para mudarem de vida e não irem também eles para lá. O pedido é negado. 

2. Filipe morava em Cesareia (v. 40), onde morava muita gente. Qual o sentido de se mandar alguém sair de uma área densamente povoada para ir a um “caminho deserto” (v. 26)?

A iniciativa da parte de Deus revela o seu imenso amor por uma pessoa só. Deus não supervaloriza a multidão em detrimento do indivíduo. Uma alma para ele vale o mundo inteiro. Deus não privilegia a quantidade. Por amor a uma pessoa, fez deslocar Filipe no Norte da Palestina para ir ao Sul, onde o eunuco se encontrava.

3. Como podemos deduzir que este homem tinha fome de Deus?

Diz o texto que ele era eunuco da rainha da Etiópia. Da Etiópia a Jerusalém são 3.000 quilômetros. E não havia estradas asfaltadas.  Nem voo direto, rsrs. O homem fez a viagem numa carruagem. Não viajou a negócios, mas foi a Jerusalém "para adorar". Jesus disse que "o Pai procura" adoradores que "o adorem em espírito e em verdade" (João 4.23-24). Isso explica por que Deus deslocou Filipe para ir conversar com o eunuco. O homem pode com arrogância dizer o que quiser de Deus, que Ele não existe, ou que se existe, Ele é injusto. Na verdade, esse movimento da alma contra o Deus Vivo já é uma prova de que o homem tem sede de Deus. O eunuco é uma prova disso. Ele tinha posição social muito boa (era ministro da economia da Etiópia), certamente uma boa condição financeira, mas em seu coração havia "um vazio do tamanho de Deus" (Blaise Pascal). É pena que nem todos busquem saciar a sua sede na fonte certa. Mas este homem estava no rumo certo.

4. Se os eunucos não podiam entrar no templo (Deuteronômio 23.1), aquela foi uma viagem perdida. Ou não?

De fato, a lei de Moisés proibia os eunucos de entrarem no templo. Mesmo assim, aquela não foi uma viagem perdida. Conjectura-se que nos arredores do templo, ele, com a sua boa condição financeira, tenha adquirido um manuscrito do livro de Isaías. Na viagem de volta, vinha lendo esse texto, quando foi abordado pelo evangelista Filipe. Quando investimos em nossa vida espiritual, a viagem nunca é perdida.

5. Por que a leitura de Isaías (v. 30) foi importante na evangelização do eunuco?


Por ser Isaías o mais "messiânico" de todos os profetas. Ou seja, mesmo vivendo 700 anos antes da vinda de Jesus Cristo ao mundo, Isaías já profetizara sobre essa vinda, sobre sua vida e ministério, e, principalmente, sobre a sua morte. O capítulo mais explícito sobre isso é Isaías 53, que descreve, com tanta precisão, as humilhações que o Messias sofreria que alguém chegou a sugerir: "é como se Isaías estivesse escrevendo junto da cruz". E foi justamente esse capítulo o que o eunuco estava lendo.

6. Começando por Isaías, de quem Filipe falou (v. 35)?


Filipe falou de Jesus; por uma razão muito simples: o personagem central da Bíblia é Jesus. Falar de espiritualidade sem falar de Jesus é como oferecer água salgada a alguém que esteja morrendo de sede. Foi por isso que Paulo escreveu: "Pois resolvi nada saber entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este, 
crucificado" (1Coríntios 2.2). Jesus é o centro de todas as coisas. "Sem ele, nada do que foi feito existiria" (João 1.3).

7. Como consequência desse contato, Filipe batizou o eunuco (v. 38). Quem tomou a iniciativa de ser batizado? (v. 36) 

É conveniente lembrar que quem tomou a iniciativa de ser batizado foi o eunuco. Foi ele quem disse: "Aqui há água; que me impede de ser batizado?" (verso 36). Filipe não ficou dizendo: "Olha, você precisa se batizar. Não perca mais tempo. Vai haver batismo no próximo dia 28". Nada disso. Foi iniciativa do novo crente, o eunuco.

Podemos terminar o estudo, retornando a este verso 36 e perguntar também ao discipulando: o que o impede de ser batizado?



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Primeiros Passos


Quinto Encontro – Saulo Nasceu de Novo (Atos 9)


Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Por que Saulo poderia ser chamado de terrorista da religião? (vv. 1-2; Fp 3.4-6)

2. Será que devemos perseguir os que creem diferentemente de nós? Neste caso, onde fica o livre arbítrio?

3. Se Saulo perseguia os discípulos (v. 1), por que a voz do céu disse-lhe: “Por que me persegues?” (vv. 4-5)

4. Quem deve fazer hoje o papel de Ananias? (vv 10-19; Mt 28.20)

5. Houve mudanças na vida de Saulo? Quais? (vv 20-22)

6. Qual a importância de Barnabé apresentando Saulo à Igreja em Jerusalém? (vv 26-28)

7. Por que às vezes é tão difícil a igreja absorver os novos crentes?

Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Por que Saulo poderia ser chamado de terrorista da religião? (vv. 1-2; Fp 3.5-6)

Porque perseguia a igreja de Cristo. Lucas diz que Saulo estava "respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor". Note o verbo: respirar. Respirar é um exercício tão natural que nem chama a atenção. Saulo vivia assim: todas as suas forças se voltavam contra os seguidores de Jesus. Escrevendo depois aos filipenses, confessa que foi "circuncidado no oitavo dia, [era] da descendência de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fui fariseu;  6 quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, eu era irrepreensível" (Filipenses 3.5-6). O nome “cristão”, derivado evidentemente da palavra grega Cristo (“Ungido”), provocava arrepios em Saulo, mexia com as suas entranhas e o fazia vomitar ódio. Ele fez do combate ao cristianismo a bandeira de sua vida. Se você conhece alguém assim, não entre em pânico. Deus sabe se defender. A sobrevivência do cristianismo não está em jogo, não corre perigo. É só se lembrar de que Saulo fazia isso também, e o cristianismo não desapareceu.

2. Será que devemos perseguir os que creem diferentemente de nós? Neste caso, onde fica o livre arbítrio?

Você certamente já ouviu muito por aí a frase: “Quem não vem pelo amor vem pela dor”. Será que é assim? A Bíblia ensina que Não. Alguns não virão nem pelo amor nem pela dor. Simplesmente não virão. E Deus, que nos criou e por isso poderia nos obrigar a amá-lo, não o faz. Mesmo sendo o Criador de tudo, mesmo sendo o Deus Todo-poderoso, Ele jamais violenta o nosso livre-arbítrio. O verbo perseguir jamais deveria ser conjugado nos lábios de um cristão.

3. Se Saulo perseguia os discípulos (v. 1), por que a voz do céu disse-lhe: “Por que me persegues?” (vv. 4-5)

A pergunta de Jesus a Saulo é excepcionalmente significativa. Saulo não acreditava que a obra de Cristo pudesse ser coisa de Deus. Mas quando a voz lhe pergunta "Por que ME persegues?", Saulo descobre que perseguir a igreja de Cristo é a mesma coisa que perseguir o próprio Cristo. Há entre Cristo e sua igreja uma unidade inquebrantável. De modo que amar a um é amar o outro; e odiar a um é odiar o outro. Jesus mesmo já havia dito aos discípulos: "Quem vos recebe, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou" (Mateus 10.40). Na oração que fez por eles, Jesus disse: "...eu neles, e tu em mim..." (João 17.23). 

4. Quem deve fazer hoje o papel de Ananias?

Pergunte o que foi que Ananias fez. A resposta é: ele ajudou Saulo a unir-se à igreja. Foi lá no endereço onde Saulo se encontrava, orou por ele, batizou-o (Atos 9.10-19). É muito importante que o novo crente se una à igreja por meio do batismo. Há pessoas que acham que o batismo é uma vaidade, ou algo supérfluo. Não é. Quando Jesus deu aos Doze a agenda a ser cumprida, disse: "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; 28.20 ensinando-lhes a obedecer a todas as coisas que vos ordenei; e eu estou convosco todos os dias, até o final dos tempos" (Mateus 28.19-20). Ir, discipular e batizar. 

5. Houve mudanças na vida de Saulo? Quais?

Nos versos de 20 a 22, lemos: "E logo passou a pregar Jesus nas sinagogas, dizendo ser ele o Filho de Deus.  9.21 Todos os seus ouvintes admiravam-se e diziam: Não é este que, em Jerusalém, perseguia os que invocam esse nome? Ele não veio para cá a fim de levá-los presos aos principais sacerdotes?  9.22 Saulo, porém, fortalecia-se cada vez mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o Cristo". 

Quando Jesus atravessa a nossa experiência, mudanças acontecem. Saulo também mudou: antes ele não valorizava Jesus. Agora prega e ensina nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus, ou seja, o Messias que os judeus esperavam/esperam.

A mudança era tão evidente, que as pessoas se perguntavam: é ele mesmo?
"Saulo, porém, fortalecia-se cada vez mais...". Ao invés de ficar desanimado, Saulo se fortalecia. 

Outra mudança na vida de Saulo: de perseguidor passou a ser perseguido: "Depois de muito tempo, os judeus, entre si, decidiram matá-lo" (Atos 9.23). 
Felizmente o complô contra ele foi descoberto, e Saulo/Paulo pôde se livrar. 

6. Qual a importância de Barnabé apresentando Saulo à Igreja em Jerusalém? (vv 26-28)

Nos versos 26-28, lemos: "Ao chegar em Jerusalém, Saulo procurou juntar-se aos discípulos; mas todos tinham medo dele e não acreditavam que ele fosse um discípulo.9.27 Então Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco pregara corajosamente em nome de Jesus.9.28 Assim, ele passou a andar com eles livremente em Jerusalém, pregando com coragem em nome do Senhor". 

Era perfeitamente natural que a igreja ficasse com um pé atrás com Saulo. Afinal, ele era o mais poderoso inimigo da igreja, e quem poderia garantir que a entrada dele na igreja não era uma cilada? Não seria ele um X9 a serviço da polícia religiosa?

Então coube a Barnabé fazer a ponte entre a igreja e o novo convertido famoso. O que Barnabé fez chama-se "integração". Ele ajudou Saulo a ficar à vontade entre os irmãos, e ajudou a igreja a estender a mão fraterna a Saulo, perdoando tudo o que ele falara e fizera contra eles.

Quem era Barnabé? Em Atos 4.36-37 temos um pouco da ficha dele: "Então José, a quem os apóstolos chamavam Barnabé (que significa filho de consolação), levita, natural de Chipre, 37 possuindo um terreno, vendeu-o, trouxe o dinheiro e colocou-o aos pés dos apóstolos".

7. Por que às vezes é tão difícil a igreja absorver os novos crentes?

Uma das bandeiras da igreja é a comunhão fraterna. De fato, o amor entre os irmãos na fé é às vezes mais expressivo que o amor de parentes. Com isso, corre-se o risco de se criar um grupo fechado em si, impedindo que outras pessoas se unam a ele. Na igreja, precisamos ficar atentos a isso e não deixar que os que estão chegando se sintam intrusos ou deslocados.

Será que há alguma coisa que você possa fazer para ajudar os recém-chegados à igreja se sentirem parte dela?

Orem agora por isso. Orem para que Deus continue derrubando os Saulos da vida, tornando-os novas criaturas. Orem também para que Deus continue suprindo a sua igreja de Ananias e Barnabés.  




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Primeiros Passos


Sexto Encontro - Cornélio Nasceu de Novo (Atos 10)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Cornélio dava muitas esmolas e orava (v. 2). Isso é suficiente para a pessoa ser salva?

2. Por que o anjo mandou Cornélio chamar Pedro à sua casa? (vv 5-6)

3. Como foi que Deus preparou o judeu Pedro para ir à casa do italiano Cornélio? (vv 9-20, 28)

4. Por que Cornélio, ao ver Pedro pela primeira vez, prostrou-se diante dele? (v. 25). Por que Pedro o proibiu de fazer isso? (v. 26).

5. Em seu sermão, Pedro falou de quem? (vv. 38-43).

6. O que aconteceu enquanto Pedro falava? (vv. 44-46)

7. Todos foram batizados (vv. 47-48). Por que os novos crentes são batizados? (Mt 28.19-20)

8. Qual a importância da conversão de Cornélio?



Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.


Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Cornélio dava muitas esmolas e orava (v. 2). Isso é suficiente para a pessoa ser salva?

Mesmo não conhecendo Jesus, Cornélio possuía uma ficha religiosa invejável. Ele era um bom homem, bom profissional, um homem de moral inatacável. Bom marido, bom pai certamente, generoso em suas expressões de bondade (dava muitas esmolas) e de bons hábitos espirituais: orava regular e disciplinadamente. NO ENTANTO, o anjo que lhe apareceu enquanto orava deu-lhe recomendações específicas sobre a necessidade de trazer de longe o apóstolo Pedro.


2. Por que o anjo mandou Cornélio chamar Pedro à sua casa? (vv 5-6)

O anjo, que lhe apareceu durante a oração, disse-lhe claramente: "
Tuas orações e esmolas têm subido como memorial diante de Deus.  5 Então, envia agora homens a Jope e manda buscar Simão, também chamado Pedro" (Atos 10.4-5). 

Aqui, podemos retomar uma reflexão já feita em estudos anteriores: Por que o próprio anjo não falou de Jesus para Cornélio? Por que foi preciso chamar e buscar um certo Simão Pedro, que está em outra cidade inclusive?

Cornélio mandou chamar Pedro porque Pedro iria dizer coisas importantes para a salvação do comandante. A tarefa da pregação não foi confiada a anjos, nem a mortos, nem a governos, nem a sociedades secretas... é missão e privilégio da igreja.

3. Como foi que Deus preparou o judeu Pedro para ir à casa do italiano Cornélio? (vv 9-20, 28)

Este relato de Atos 10 nos impressiona por nos deixar evidente
quem é que dirige a igreja de Cristo. Como bom judeu, Pedro não tinha permissão para entrar na residência de um não judeu. Representava contaminação (como se vê em João 18.28).


O Senhor agiu em duas frentes: junto a Cornélio e junto a Pedro. Facilmente Cornélio ficou convencido de que deveria chamar Pedro. Mas o difícil foi convencer Pedro a visitar a casa de um "gentio", um estrangeiro, não judeu. Quando ele estava orando (Cornélio também estava orando), alguma coisa assustadora aconteceu. Leiamos o que Lucas registrou:
"[Pedro] viu o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um grande lençol, baixado pelas quatro pontas sobre a terra.  10.12 Nele havia todo tipo de quadrúpedes, animais que rastejam pela terra e aves do céu.  10.13 E uma voz lhe disse: Levanta-te, Pedro, mata e come.  10.14 Mas Pedro respondeu: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi algo profano ou impuro.  10.15 Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames de profano o que Deus purificou.  10.16 Isso aconteceu três vezes; e logo o objeto foi recolhido ao céu.  10.17 Enquanto Pedro, perplexo, refletia sobre o que seria a visão que tivera, os homens enviados por Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam à porta.  10.18 E, chamando, perguntaram se ali estava hospedado Simão, também chamado Pedro.  10.19 Pedro ainda estava meditando sobre a visão, quando o Espírito lhe disse: Dois homens te procuram.  10.20 Levanta-te, desce e vai com eles; e não duvides de nada, porque eu os enviei a ti".
Chamo sua atenção para Atos 10.19: "Pedro ainda estava meditando sobre a visão...". Aqui vemos o lugar da razão no entendimento das coisas espirituais. O uso da razão não é facultativo; é simplesmente fundamental no acesso à revelação de Deus. Se o lençol descendo do céu foi uma experiência dos sentidos, o raciocínio de Pedro ficou trabalhando para tentar entender o que Deus queria dizer. É bom destacar isso porque há pessoas que acham que o uso da razão na espiritualidade é coisa carnal. Pedro não pensava assim. Ele ficou meditando, raciocinando, conjecturando, tentando captar o significado da experiência que acabara de ter. Muitos de nós querem que Deus mande um anjo e diga "faça isso, assim e assim".  Às vezes, Deus quer que raciocinemos a fim de chegarmos à compreensão de Sua vontade.

4. Por que Cornélio, ao ver Pedro pela primeira vez, prostrou-se diante dele? (v. 25). Por que Pedro o proibiu de fazer isso? (v. 26).


O texto bíblico diz: "Quando Pedro estava para entrar, Cornélio foi ao seu encontro e, prostrando-se a seus pés, o adorou" (verso 25).  Como tivesse ainda pouco conhecimento das coisas de Deus, Cornélio achou que deveria se ajoelhar diante de Pedro. Afinal, Pedro estava ali, como resposta às suas orações. Não foi um anjo de Deus que o mandou chamar Pedro? Então esse Pedro deve ser um deus, pensa Cornélio. Nós também pensaríamos assim, porque somos facilmente impressionáveis e supersticiosos. O conhecimento da Palavra de Deus é que nos libertará das algemas da superstição.

A reação de Pedro também é altamente relevante. Que fez ele? Diz a Bíblia: "Mas Pedro o levantou e disse: Levanta-te, pois eu também sou um homem" (Atos 10.26). 

Um homem não deve adorar o outro. Antropolatria é pecado. Os líderes religiosos são servos de Deus, não são deuses. Há, no Apocalipse, um episódio parecido. João, o autor, está preso na Ilha de Patmos, onde tem uma visão do céu. Ao ouvir uma voz dizendo-lhe verdades impressionantes, João fez algo natural para alguém que está verdadeiramente tocado pelo que vê e ouve: "Então, lancei-me a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças isso; sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus, pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia" (Apocalipse 19.10).

5. Em seu sermão, Pedro falou de quem? (vv. 38-43)

Releia o texto:
"...e diz respeito a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus era com ele.  10.39 E somos testemunhas de tudo quanto ele fez, tanto na terra dos judeus como em Jerusalém; mas eles o mataram, pendurando-o num madeiro.  10.40 Deus o ressuscitou ao terceiro dia e lhe concedeu que se manifestasse  10.41 não a todo o povo, mas às testemunhas predeterminadas por Deus, a nós, que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou dentre os mortos.  10.42 Ele nos ordenou que pregássemos ao povo e testemunhássemos que por Deus ele foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.  10.43 Todos os profetas dão sobre ele testemunho de que, por meio do seu nome, todo o que nele crê receberá o perdão dos pecados" (Atos 10.38-43).
Na casa de Cornélio, o auditório estava pronto para ouvir Pedro falar. E Pedro falou de Jesus. Não falou mal dos fariseus, não falou mal dos romanos que dominavam a sua terra, nem dos seus deuses... Pedro falou de Jesus. Jesus é, sim, o único assunto que vale a pena abordar numa conversa.

Pedro falou dos fatos principais da vida de Jesus: de sua vida limpa, da sua crucificação, da sua ressurreição e da sua agenda ("...ordenou que pregássemos ao povo", como diz o verso 42). Pedro falou também da condição de Jesus como Juiz, que um dia julgará os "vivos e os mortos". E não esqueceu de mencionar que em Jesus os que creem recebem o perdão dos pecados. Ou seja, mensagem completa.

6. O que aconteceu enquanto Pedro falava? (vv. 44-46)

10.44 Enquanto Pedro dizia essas coisas, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a palavra.
10.45 Os crentes que eram da circuncisão,* todos os que tinham vindo com Pedro, admiraram-se de que o dom do Espírito Santo também fosse derramado sobre os gentios;* 
10.46 porque os ouviam falar em línguas e engrandecer a Deus.

O Espírito Santo desceu visivelmente sobre o auditório. Como os crentes judeus (os "que eram da circuncisão") ficaram sabendo que era o Espírito Santo? Não viram nenhuma pomba descendo, como aconteceu no batismo de Jesus (Mateus 3.16). O sinal aqui foi o "falar em línguas".

A glossolalia (falar em línguas) é sempre um tema polêmico. Mas não precisava ser. Basta lembrar que em Atos 2, que é o maior evento glossolálico, os apóstolos falavam, e os estrangeiros entendiam. Diz o texto de Atos 2:
"E, perplexos e admirados, diziam uns aos outros: Por acaso esses que estão falando não são todos galileus?  2.8 Como, então, cada um de nós os ouve falar em nossa língua materna?  2.9 Partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia,* 2.10 da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia próximas a Cirene, e romanos aqui residentes, tanto judeus como convertidos ao judaísmo, 2.11 cretenses e árabes, todos nós os ouvimos falar das grandezas de Deus em nossa própria língua" (Atos 2.7-11).
Quando se debate o assunto, é preciso saber se as línguas eram "étnicas" ou "extáticas". Você sabe a diferença?  Línguas étnicas são aquelas faladas por alguma nação, algum povo, "etnia" em grego. O português é uma língua étnica, assim como o inglês, o chinês, o tagalog etc. Alguém fala e alguém entende. Já língua extática (com "x") vem de êxtase (também com "x"). Que é êxtase? "Estado de quem se encontra como que transportado para fora de si e do mundo sensível, por efeito de exaltação mística ou de sentimentos muito intensos de alegria, prazer, admiração, temor reverente etc".

Lembremos que Cornélio era romano, e os romanos falavam latim. Os judeus falavam aramaico. Mas no exército romano havia gente de todas as partes do mundo. Ou seja, o ambiente era multicultural, e as pessoas falavam línguas diversas, línguas étnicas. Está provado que quando nos emocionamos, falamos a nossa língua materna. Conheci descendentes de alemães no Brasil, que mesmo falando português, quando levavam um susto ou se emocionavam fortemente, a primeira manifestação era em alemão.

Resumindo: os crentes judeus ("os da circuncisão"), quando viram acontecer na casa de Cornélio o mesmo que lhes acontecera no Dia de Pentecostes (Atos 2), ficaram convencidos de que o Espírito Santo queria abrir as portas da igreja para os não judeus. Tanto é assim que no capítulo seguinte (Atos 11), Pedro precisa justificar diante da igreja de Jerusalém por que batizou Cornélio.

7. Todos foram batizados (vv. 47-48). Por que os novos crentes são batizados? (Mt 28.19-20)
10.47 Será que alguém lhes pode recusar a água para que não sejam batizados, estes que, como nós, também receberam o Espírito Santo?10.48 E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo.
Mesmo tendo Jesus dado a ordem aos discípulos para irem a todo o mundo, os judeus acharam, no princípio, que o evangelho se destinava apenas a eles, aos judeus. Então, na casa de Cornélio, foram batizados os novos crentes, Cornélio e seus convidados.

É sempre bom repetir que o batismo não é condição para ser salvo, senão o ladrão na cruz não teria sido salvo, já que não houve tempo para descer da cruz e ser batizado. Porém, é de duvidar que alguém seja crente e não queira ser batizado.

Uma última observação; agora sobre a forma do batismo. O Novo Testamento não discute se o batismo é por imersão, afusão (derramar água) ou por aspersão (borrifar). E por que não discute? Porque a palavra grega para batismo é a palavra "imersão". Quando um grego que está na praia diz que vai dar um mergulho, em sua língua ele diz: "Vou me batizar". Porque na sua língua, "baptizo" quer dizer "afundar", ou "mergulhar na água", e não borrifar, e não respingar, e não derramar na cabeça. A palavra "aspersão" em grego é "rantismós", mas jamais é usada no Novo Testamento em contexto de batismo.

No Evangelho de João lemos: "João [Batista, ou "o batizador"] estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas" (João 3.23). Ora, por que haveria necessidade de tanta água, se o batismo fosse o ato de derramar apenas algumas gotas d'água na cabeça de alguém?

Por fim, lembremos, como ficou claro no estudo 4, que Filipe evangelizou e batizou o eunuco na estrada de Jerusalém para Gaza (Atos 8). Diz o texto: "Então ele [o eunuco] mandou parar a carruagem, e desceram ambos à água, tanto Filipe quanto o eunuco, e Filipe o batizou. 8.39 Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe. O eunuco não mais o viu e, alegre, seguiu o seu caminho" (Atos 8.38-39). Por que desceram ambos à água, se o ato fosse aspersão? Como já argumentou alguém,
"Se o batismo pudesse ser administrado por aspersão, por que não pegaram um pouco de água de sua própria botija, pois, como alguém como o Mordomo-Mor de uma rainha iria viajar sem um pouco de água para beber? Acontece que num copo ou numa botija não dá para mergulhar o corpo de uma pessoa" (Gilberto Stefano). Ainda uma observação de natureza histórica: "A igreja Primitiva não batizou por aspersão, e mesmo a igreja Católica, por 1200 anos, continuou a batizar por imersão até mudá-la em definitivo no século treze para a aspersão" (Gilberto Stefano, www.palavraprudente.com.br - acesso em 02-05-2016). 
 Um dicionário secular diz:
"No início do cristianismo, [batistério era] um pequeno edifício onde se realizavam batismos por imersão. Tinha a forma redonda ou poligonal e um domo. As pessoas que iam ser batizadas desciam para uma espécie de pequena piscina no centro do prédio. Na Idade Média, a Igreja Católica Romana deixou de batizar por imersão e interrompeu a construção de batistérios. Ravena, Florença e Pisa, na Itália, possuem batistérios famosos" (www.dicio.com.br/batisterio/).
Vale transcrever aqui uma citação de uma enciclopédia católica americana, discorrendo sobre a forma do batismo:
"A mais antiga forma geralmente empregada foi a imersão, sem dúvida. Isto é evidente a partir dos escritos dos Padres e dos primeiros rituais tanto da Igreja Latina como da Igrejas Oriental [Ortodoxa], como também pode ser constatado a partir das Epístolas de São Paulo, que fala do batismo como um banho [imersão] (Efésios 5:26; Romanos 6:4; Tito 3:5). Na Igreja Latina, a imersão parece ter prevalecido até o século XII. Após esse tempo, é encontrado em alguns lugares ainda até o século XVI(http://www.newadvent.org/cathen/02258b.htm - acesso em 07-05-2016).
8. Qual a importância da conversão de Cornélio?

Cornélio é o primeiro gentio, ou seja, não judeu a ser recebido como membro da igreja de Jesus. Até ali, a igreja era composta de judeus e samaritanos (meio-judeus). Com a entrada de Cornélio, porém, fica comprovada a universalidade da igreja cristã. Foi muito difícil para os crentes judeus aceitarem essa verdade. Há, no livro de Atos, vários registros da resistência deles à admissão de gentios no Corpo de Cristo. Mas a experiência de Cornélio derruba de vez as muralhas e os estrangeiros podem ser um em Cristo com os judeus.



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Primeiros Passos


Sétimo Encontro – Liberdade para o Carcereiro (Atos 16.25-34)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Postos na prisão por pregarem o evangelho, que faziam Paulo e Silas na cadeia? (v. 25). O que essa atitude revela?

2. Por que, ao acordar e ver a prisão aberta, o carcereiro quis se suicidar? (vv 26-27)

3. Que perguntou o carcereiro a Paulo e Silas? (v. 30). Por que esta é a pergunta mais importante a ser feita por qualquer indivíduo?

4. Qual a resposta dos pregadores? (v. 31)

5. Qual a relação entre “crer” (v. 31) e a pregação da Palavra (v. 32)? (Rm 10.17)

6. No v. 33, o carcereiro “foi batizado”. O que vem primeiro: o batismo ou a fé (crer)?

7. O relato termina com um banquete (v. 34). Por quê?



Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.


Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Postos na prisão por pregarem o evangelho, que faziam Paulo e Silas na cadeia? (v. 25). O que essa atitude revela?

Segundo o verso 25, "Por volta de meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam". Será que é fácil cantar hinos a Deus quando você está sendo injustiçado, como Paulo e Silas foram? Essa é uma reação normal das pessoas?

O que essa atitude revela? Revela um alto nível de relacionamento com Deus. Revela maturidade espiritual. É importante observar que Silas e Paulo tinham no bolso uma espécie de carteira de identidade, a de "cidadãos romanos" (Atos 16.37), que lhes conferia certos direitos, como o de não ser espancado. No entanto, eles não apelaram para esse recurso porque viam nessa prisão uma oportunidade para que o evangelho se implantasse em Filipos, primeira cidade da Europa a conhecer a mensagem cristã. Nossa reação às injustiças que nos são dirigidas revela o que há no íntimo de nossas almas.

2. Por que, ao acordar e ver a prisão aberta, o carcereiro quis se suicidar? (vv 26-27)


Os carcereiros tinham imensa responsabilidade social. Se por negligência ou acidente algum prisioneiro escapasse, eles teriam que pagar um preço muito alto. Às vezes, com a própria vida. Se não isso, sujeitavam-se ao rebaixamento profissional, aprisionamento. Em geral, recebiam os mesmos castigos que se deviam aos presos. Se deixassem um prisioneiro fugir, teriam que pagar a pena do prisioneiro. Se a pena fosse a morte, o carcereiro teria que morrer no lugar do prisioneiro. Foi o que aconteceu em Filipos. Pensando que Paulo e Silas houvessem fugido, o carcereiro quis matar-se, pois sabia qual a pena que o esperava.

Com todo esse quadro em mente, o carcereiro, num ímpeto, deduz que todos fugiram, já que as portas da prisão estavam escancaradas. Vai se jogar contra a própria espada. Será menos vergonhoso morrer assim do que enfrentar os rigores da lei sobre carcereiros negligentes. Paulo o salvou da morte humilhante e desnecessária.

Será que o suicídio é, de fato, solução? No caso do carcereiro, além de não ser solução, ele ia se suicidar à toa, já que ninguém havia fugido. Ele não sabia disso. Tirou conclusões apressadas e ia se matar. Em geral, as conclusões dos suicidas são imaginárias, em grande medida. Há sempre outra solução. 

3. Que perguntou o carcereiro a Paulo e Silas? (v. 30). Por que esta é a pergunta mais importante a ser feita por qualquer indivíduo?

Diz o verso 30: "Levando-os para fora, disse: Senhores, que preciso fazer para ser salvo?" Esta é a pergunta mais importante a ser feita por qualquer indivíduo neste mundo. Por quê?  Porque tem a ver com o destino das nossas almas. A Bíblia fala de pessoas "salvas" versus pessoas "perdidas". O carcereiro pergunta o que ele precisa fazer para ser salvo.


4. Qual a resposta dos pregadores? (v. 31)

"Eles responderam: Crê no Senhor Jesus, e tu e tua casa sereis salvos" (Atos 16.31). É interessante notar que a pergunta é: o que é preciso fazer? E a resposta é "Crê no Senhor Jesus". É como se a resposta de Silas e Paulo fosse: "Olha, senhor carcereiro, para ser salvo, o senhor francamente não precisa fazer nada; basta que creia em Jesus".


Duas coisas a destacar aqui: uma é o verbo. Crer é a única condição para que alguém seja salvo. Na conversa que teve com Nicodemos, Jesus disse claramente a ele: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Para ser salvo, o homem não precisa fazer nada. Deus já fez. O homem só precisa crer.

A outra coisa digna de destaque é o objeto do verbo. Há hoje muita gente falando sobre a importância de crer. Falam da importância da fé. Nesse discurso contemporâneo, fé chega a ser sinônimo de pensamento positivo. Mas o Novo Testamento destaca a importância do que vem depois do verbo. Crer... mas crer em quê? Qualquer crença é válida?  Crer... mas crer em quem? Qualquer deus serve?  Por isso a resposta de Silas e Paulo cresce em importância. Porque em poucas palavras eles mostraram ao carcereiro que o essencial para ser salvo é crer em Jesus. É aqui que está o grande diferencial do evangelho. As pessoas creem, creem em tudo, creem em nada, creem no Diabo, creem nos anjos, creem nas religiões, creem em Buda, creem nas filosofias, creem na política, creem no Estado, creem no capital... é tudo igual? Deixemos Jesus responder: "Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê, já está condenado, pois não crê no nome do Filho unigênito de Deus" (João 3.18).

5. Qual a relação entre “crer” (v. 31) e a pregação da Palavra (v. 32)? (Romanos 10.17)

A fé nasce do ouvir a Palavra. É o que a Bíblia diz: "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo" (Romanos 10.17). Quanto mais ouvimos a Palavra, mais fé possuímos. Vale transcrever aqui uma frase-testemunho de Dwight Moody: “Eu orava pedindo fé e pensava que qualquer dia a fé iria descer e me atingir como um raio. Mas parecia que a fé não vinha.  Um dia, li em Romanos 10, 'A fé vem pelo ouvir, e ouvir pela Palavra de Cristo'.  Então abri minha Bíblia e comecei a estudar, e a fé vem crescendo desde então”.  Daí o propósito destes estudos: fazer a fé em Cristo brotar e crescer em seu coração, prezado discipulando.


6. No v. 33, o carcereiro “foi batizado”. O que vem primeiro: o batismo ou a fé (crer)?

Depois que ressurgiu dentre os mortos, Jesus deu aos apóstolos uma ordem: "E disse-lhes [Jesus]: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (Marcos 16.15-16). A ordem dos fatores aqui é muito importante: primeiro, o evangelho é pregado; a salvação de Deus é oferecida. Depois, vem a fé (em Cristo) da parte da pessoa. E, por fim, vem o batismo. Foi assim na pregação de Jesus, foi assim com o eunuco (Estudo 4), com Saulo/Paulo (Estudo 5), Cornélio (Estudo 6) e assim será até que Cristo volte.


7. O relato termina com um banquete (v. 34). Por quê?

"Então os fez subir para sua casa, pôs a mesa para eles e alegrou-se muito com toda a sua casa, por haver crido em Deus" (Atos 16.34). Quando os recebeu na prisão, o carcereiro manteve com os missionários Silas e Paulo uma relação meramente profissional. Mas agora que ele acaba de crer em Cristo e ser batizado, ele os vê como irmãos, "irmãos em Cristo" (Colossenses 1.2).


E por que "alegrou-se muito com toda a sua casa, por haver crido em Deus"? Porque a fé em Cristo fez dele uma nova criatura. A fé em Cristo o salvou duas vezes: na primeira vez, impediu que ele se suicidasse. E na segunda, impediu que ele se perdesse para sempre.

A alegria é uma das marcas das pessoas que conheceram a Cristo pela fé. O senso de realização pessoal é tão grande que as pessoas experimentam uma satisfação interior, percebida por todos. Lembra como o eunuco (do Estudo 4) fez o restante da viagem para a Etiópia? Diz o texto: "Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe. O eunuco não mais o viu e, alegre, seguiu o seu caminho" (Atos 8.39).



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Primeiros Passos


Oitavo Encontro – O Semeador (Mateus 13.1-9; 18-23)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Por que nem todas as sementes deram fruto?

2. Várias vezes o texto diz: “e ouve a palavra”. Por que esta expressão é importante?

3. Quais são os inimigos da semente?

4. Por que Jesus comparou o evangelho com uma semente?

5. Que tipo de solo é o seu coração?

6. Qual a recompensa do semeador?

7. Você é um semeador da Palavra de Deus ou semeia outra coisa?



Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Por que nem todas as sementes deram fruto?

Registrada em Mateus 13.1-9, Marcos 4.1-9 e Lucas 8.4-8, a Parábola do Semeador é das mais conhecidas. Nela, Jesus mostra que embora a semente seja a mesma, os terrenos em que ela cai são diferentes. Por exemplo:


1. PIZZA DE PASSARINHO - Uma parte das sementes caiu à beira do caminho, e foi pisada e as aves do céu a comeram. Ou seja, virou alpiste, pizza de passarinho.

Jesus explica quem são esses: "A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e tira o que lhe foi semeado no coração; esse é o que foi semeado à beira do caminho" (Mateus 13.19). Ele não a entende porque não quer entender. O Diabo vem e leva embora a semente.

2. PEDRA PURA - "Outra parte", continua Jesus, "caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e logo brotou, pois a terra não era profunda. 6 Mas saiu o sol e a queimou; e, como não tinha raiz, secou." (Mateus 13.5-6).

Quem são esses? "E o que foi semeado no solo pedregoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe imediatamente com alegria; 21 mas não tem raiz em si mesmo e dura pouco. Quando vem a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo tropeça" (Mateus 13.20-21).

3. ESPINHO SUFOCANTE - E Jesus contando a história: "Outra parte caiu entre espinhos, os quais a sufocaram quando cresceram" (Mateus 13.7). 

Quem são? "E o que foi semeado entre os espinhos, esse é o que ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, e ela não produz fruto" (Mateus 13.22).

4. BOM TERRENO - Seria de desanimar qualquer semeador, se a história parasse no espinho. Felizmente, porém, uma parte das sementes foi depositada em solo bom. Neste ponto, Jesus deve ter aberto um sorriso para dizer: "Mas outra parte caiu em terra boa e deu fruto; um grão produziu outros cem; outro, sessenta; e outro, trinta" (Mateus 13.8). O final da história fala de muitas bênçãos, muitos frutos. O final é a salvação da lavoura do semeador. Até ali, ele só teve prejuízo. Mas agora vai encher seus celeiros.

Quem são esses? Esclarece Jesus: "Mas o que foi semeado em boa terra, esse é o que ouve a palavra e a entende; e dá fruto; e um produz cem; outro, sessenta; e outro, trinta" (Mateus 13.23).

A semente é a mesma, mas os terrenos, sendo diferentes, oferecem reações também diferentes. A Palavra de Deus é a mesma, mas cada coração (terreno) a recebe de um modo diferenciado também.
(Atenção, discipulador: Uma dica para você memorizar a ordem das sementes são as palavras: Ave, Pedra, Espinho e Fruto. Com essas quatro palavras, em ordem, você pode muito bem resumir o enredo da parábola).
2. Várias vezes o texto diz: “e ouve a palavra”. Por que esta expressão é importante?

Porque, como diz a Bíblia, "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo" (Romanos 10.17). Jesus termina esta e várias outras parábolas dizendo: "Quem tem ouvidos, ouça" (Mateus 13.9). Por isso é que é importante alguém falar de Jesus para alguém que queira ouvir.


3. Quais são os inimigos da semente?

A parte que caiu à beira do caminho tinha um inimigo: "vem o Maligno e tira o que lhe foi semeado no coração"
. O Diabo é inimigo da Palavra, e fará todo o possível para distanciar-nos dela.

O inimigo da que caiu em solo pedregoso era a superficialidade (Mateus 13.5-6), a falta de raízes, a falta de conhecimento. O mundo evangélico está cheio desse tipo de solo. Vem a tribulação ou a perseguição, e leva embora a semente superficial.

A parte da semente que caiu entre espinhos nos apresenta um outro tipo de inimigo: "as preocupações do mundo e a sedução da riqueza" (Mateus 13.22). Os evangelhos registraram um exemplo claro disso: o jovem rico, que por amar as riquezas, preferiu ir embora, deixando Jesus pra trás (Mateus 19.16-26; Marcos 10.17-31; Lucas 18.18-30). 

4. Por que Jesus comparou o evangelho com uma semente?

Pode-se responder a esta pergunta com uma outra pergunta: Qual a diferença entre um ovo e uma pedra? Os dois podem ter formato parecido, mas há uma diferença fundamental entre eles. O ovo contém potencialmente a vida dentro de si. A pedra não.


Ao comparar o evangelho com uma semente, Jesus realça a qualidade geradora de vida que uma semente potencialmente detém. Michael Green escreveu: “Qualquer um pode contar as sementes que há numa maçã. Mas só Deus pode contar quantas maçãs há numa semente” (Illustrations for Biblical Preaching,  p. 269).

5. Que tipo de solo é o seu coração?

Esta pergunta exige uma resposta eminentemente pessoal. Cada um sabe do seu coração. Mas há uma evidência exterior, de modo que quem está de fora está vendo. Perto do fim do sermão do monte, Jesus disse:

"Cuidado com os falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em pele de ovelha, mas interiormente são lobos devoradores.7.16 Pelos frutos os conhecereis. Por acaso colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos de plantas com espinhos?7.17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém, a árvore má produz frutos maus.7.18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má dar frutos bons.7.19 Toda árvore que não produz fruto bom é cortada e lançada no fogo.7.20 Portanto, vós os conhecereis pelos frutos" (Mateus 7.15-20).
Ou seja, mesmo que estejamos dizendo a todos que somos do Senhor, os frutos em nossa vida é que vão comprovar se de fato a boa semente da Palavra encontrou terreno fértil em nosso coração.

 6. Qual a recompensa do semeador?

Duas recompensas: uma de natureza material e outra de natureza emocional. Materialmente, o semeador mostra os frutos que colheu. Emocionalmente, ele é tomado de uma alegria ímpar. Foi o que escreveu o salmista: “Os que semeiam em lágrimas colherão com cânticos de júbilo.  126.6 Aquele que sai chorando a plantar a semente voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo seus feixes” (Salmo 126.5-6). A alegria do semeador da Palavra é a mesma que há no céu, quando um pecador se arrepende, como disse Jesus: "Digo-vos que no céu haverá mais alegria por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento" (Lucas 15.7).

7. Por que Jesus contou esta parábola?

Examinando o contexto em que a história foi contada, leremos:
"No mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à beira-mar.  13.2 Grandes multidões reuniram-se junto a ele; de modo que ele entrou num barco e sentou-se; e todo o povo estava em pé na praia. 13.3 E falou-lhes muitas coisas por meio de parábolas, dizendo: O semeador saiu a semear" (Mateus 13.1-3).
Notemos aí a expressão "grandes multidões". À primeira vista, parece que Jesus não apreciava "grandes multidões". Nos evangelhos, ele está quase sempre evitando-as ou dispensando-as. Haveria alguma razão para isso?

Analisemos brevemente um episódio dos evangelhos: Quando Jesus multiplicou cinco pães e dois peixes, com isso alimentando enorme multidão, muita gente começou a segui-lo por toda parte. Mas não estavam interessados nele, e sim no pão. Jesus faz um discurso, esclarecendo a sua missão. Uma a uma, as pessoas foram saindo. E foi praticamente todo mundo embora. Só ficaram os 12 apóstolos. Jesus então pergunta se os doze não querem ir embora também. É nesse momento que Pedro salta à frente do grupo, de novo, e dá a antológica resposta: “Para quem iremos nós; tu tens as palavras da vida eterna” (João 6.68). Jesus quer seguidores que optaram por ele, não por causa de pão ou de peixe, de emprego ou saúde, mas por causa da vida eterna que Ele oferece.

Isto, porém, parece não responder à nossa última pergunta: Por que Jesus contou esta parábola?  Em Mateus 13.10, lemos: "E, aproximando-se dele, os discípulos lhe perguntaram: Por que falas às multidões por meio de parábolas?" Será que Jesus queria dificultar as coisas? É claro que não. Não queria que as pessoas entendessem a sua mensagem? É claro que sim. Então, por que as parábolas?

Em Marcos 4.34 se lê: "E [Jesus] não lhes ensinava sem usar parábolas, mas explicava tudo a seus discípulos em particular". Ah, agora entendi. Jesus contava uma parábola e deixava a mensagem ficar zumbindo na cabeça dos ouvintes. Os que queriam ser salvos, seguiam-no e pediam explicações. Os que não queriam, simplesmente ignoravam.

Parabéns a você que está investindo tempo e energia para estudar a Palavra de Deus. Jesus disse: "Quem é de Deus ouve as suas palavras; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus" (João 8.47). 



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Primeiros Passos


Nono Encontro – Ser santo (Colossenses 3.1-17)


Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Por que devemos buscar as coisas que são de cima? (v. 3).

2. Por que devemos eliminar as “inclinações carnais” mencionadas no v. 5?

3. Há diferença entre o passado do não crente e o presente do crente? (v. 7)?

4. Quais são algumas das “inclinações carnais”, de acordo com os vv 5, 8-9?

5. Como “santos e amados eleitos de Deus”, quais devem ser as marcas do nosso viver? (cf versos 12-17)

6. Como é que nossa religião afeta a nossa vida familiar e profissional? (versos 18-25)



Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. O que significa buscar as coisas que são de cima? E por que devemos fazer isso?  (vv. 1-3)
"Já que fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas de cima, onde Cristo está assentado à direita de Deus.  3.2 Pensai nas coisas de cima e não nas que são da terra;  3.3 pois morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus".
O que significa "buscar as coisas que são de cima"? Significa tirar os olhos das coisas perecíveis e passageiras para fixá-los naquilo que tem valor eterno. É optar pela "vida num plano mais elevado" (Richard Sturz). É dar prioridade ao que é espiritual sobre o que é material.

Segundo o verso 1, devemos buscar as coisas que são de cima porque já fomos "ressuscitados com Cristo". Segundo o verso 3, porque já morremos para o mundo, e a nossa "vida está escondida com Cristo em Deus".

Que significam estas expressões? Significa que morremos para o mundo, para a carne, para o eu e para o Mal, e que a nossa vida agora se orienta pela vontade de Deus. Aos gálatas, Paulo disse: "Já estou crucificado com Cristo.  2.20 Portanto, não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim. E essa vida que vivo agora no corpo,* vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim" (Gálatas 2.19-20).

2. Por que devemos eliminar as “inclinações carnais” mencionadas nos versos 5 e 6?

"
Portanto, eliminai vossas inclinações carnais: prostituição, impureza, paixão, desejo mau e avareza, que é idolatria;  6 é por causa dessas coisas que a ira de Deus sobrevém aos desobedientes".

Devemos eliminar de nós as "inclinações carnais", e Paulo explica por quê: "é por causa dessas coisas que a ira de Deus sobrevém aos desobedientes" (v. 6). "Ira de Deus"? Você sabia que Deus fica irado? Uma das maiores razões por que alguém se deixa levar pela vida de pecado é por achar que Deus é amor, bondoso e perdoador, e que jamais nos cobrará os nossos pecados. É preciso sempre nos lembrarmos que o mesmo Deus que é amor, também é justiça, e se ira contra as nossas desobediências (ver João 3.36; Romanos 1.18).

3. Há diferença entre o passado do não crente e o presente do crente? (v. 7)?

"Nelas também andastes no passado, quando ainda vivíeis nessas coisas" (v. 7). Temos visto até aqui, nos estudos anteriores, que sempre que Jesus salva alguém, sempre que alguém crê nele como Salvador único e suficiente, a vida dessa pessoa muda consideravelmente. É mudança tão radical, que todos vão perceber. Paulo lembrou aos irmãos da cidade de Corinto como eles eram antes de se converter. Está preparado para ouvir? É arrepiante: 

"Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem os que se submetem a práticas homossexuais, nem os que as procuram,  6.10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem caluniadores, nem os que cometem fraudes herdarão o reino de Deus.  6.11 Alguns de vós éreis assim. Mas fostes lavados, santificados e justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (1Coríntios 6.9-11).
4. Quais são algumas das “inclinações carnais”, de acordo com os vv 5, 8-9?

"Portanto, eliminai vossas inclinações carnais: prostituição, impureza, paixão, desejo mau e avareza, que é idolatria (...);  8 mas, agora, livrai-vos de tudo isto: raiva, ódio, maldade, difamação, palavras indecentes do falar.  9 Não mintais aos outros, pois já vos despistes do velho homem com suas ações" (vv. 8-9).

Paulo lembra aqui alguns itens próprios da velha vida: prostituição, impureza, paixão, desejo mau e avareza, raiva, ódio, maldade, difamação, palavras indecentes do falar e a mentira. Mas é sempre bom relembrar que nenhuma lista de pecados na Bíblia é completa. O ser humano, ao optar pelo pecado, põe a sua criatividade a serviço do erro. O resultado é que a lista vai sempre se modernizando e jamais se conclui. Por isso é extremamente importante esta ordem do verso 7: "eliminai vossas inclinações carnais".

5. Como “santos e amados eleitos de Deus”, quais devem ser as marcas do nosso viver? (conforme os versos 12-17)


Na sua Bíblia, sem pressa, sublinhe essas marcas:
"3.12 Então, como santos e amados eleitos de Deus, revesti-vos de um coração cheio de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência,3.13 suportando e perdoando uns aos outros; se alguém tiver alguma queixa contra o outro, assim como o Senhor vos perdoou, também perdoai.3.14 E, acima de tudo, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.3.15 A paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um só corpo, domine em vossos corações, e sede agradecidos.3.16 A palavra de Cristo habite ricamente em vós, em toda a sabedoria; ensinai e aconselhai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão no coração.3.17 E tudo quanto fizerdes, quer por palavras, quer por ações, fazei em nome do Senhor Jesus, dando graças por ele a Deus Pai".
6. Como é que nossa religião afeta a nossa vida familiar e profissional? (versos 18-25)

Há pessoas que acham que religião é religião, negócios à parte. Como se a vida com Cristo não tivesse influência nenhuma no nosso cotidiano. A Bíblia ensina que não é assim. Veja, por exemplo, nos versos em seguida que Paulo faz referência à vida conjugal, fala da obediência que os filhos devem aos pais, fala do modo como os pais devem tratar os filhos, fala como os escravos [que era uma realidade social da época] deveriam cumprir suas tarefas, etc. Ou seja, o nosso relacionamento com Deus afeta ao nosso relacionamento com as pessoas. O grande missionário inglês Hudson Taylor (1832-1905) disse: “Se o seu pai ou sua mãe, seu irmão ou sua irmã ou mesmo o seu gato ou o cachorro em sua casa não ficarem felizes porque você é um cristão, é de duvidar se você de fato é um”.
3.18 Mulheres, cada uma de vós seja submissa ao próprio marido, como convém no Senhor.3.19 Maridos, cada um de vós ame sua mulher e não a trate com aspereza.3.20 Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isso é agradável ao Senhor.3.21 Pais, não irriteis vossos filhos, para que eles não fiquem desanimados.3.22 Escravos, obedecei em tudo a vossos senhores deste mundo,* não servindo só quando observados, como quem quer agradar os homens, mas de coração íntegro, temendo o Senhor.3.23 E tudo quanto fizerdes, fazei de coração, como se fizésseis ao Senhor e não aos homens,3.24 sabendo que recebereis do Senhor a herança como recompensa; servi a Cristo, o Senhor.3.25 Pois quem faz injustiça receberá a paga da injustiça que fez, não importa quem seja.



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Primeiros Passos


Décimo Encontro - Haja paciência (Gênesis 16.1-6)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Qual foi a promessa de Deus a Abraão? (cf Gn 13.16; Gn 15.5)

2. Como se cumpriria tal promessa, se “Sarai, mulher de Abraão, não lhe dava filhos”? (v. 1)

3. Que sentimento revela a declaração de Sara de que o Senhor a impedira de ter filhos? (v. 2)

4. Conforme o v. 3, que iniciativa Sara tomou para tentar resolver o problema?

5. De acordo com este texto, há alguma relação entre impaciência e falta de fé?

6. A iniciativa de Sara resolveu, de fato, o problema?

7. Quais os problemas que surgiram a partir da iniciativa de Sara? (vv 4-6; Gn 21.9-13)



Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Qual foi a promessa de Deus a Abraão? (cf Gn 13.16; Gn 15.5)

"E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que, se o pó da terra puder ser contado, então também poderá ser contada a tua descendência" (Gênesis 13.16; também Gên. 15.5).


Deus prometeu fazer de Abraão uma grande nação. Ele teria descendentes em número incontável.

 2. Como se cumpriria tal promessa, se “Sarai, mulher de Abraão, não lhe dava filhos”? (v. 1)

"Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos" (Gênesis 16.1). Aqui nos defrontamos com um problema dos mais graves: de um lado temos a promessa de Deus de que Abraão será pai de uma grande nação; que seus descendentes serão inúmeros como as estrelas do céu ou como a areia do mar.  Do outro lado temos um problema biológico aparentemente insolúvel: Sara, a mulher de Abraão, era estéril. Ora, como é que a promessa vai se concretizar, se Sara não pode gerar filhos?

Para os seres humanos, o problema não teria solução. Mas é sempre bom lembrar que quando lemos a Bíblia estamos lidando com o Deus dos impossíveis. E uma solução ele mesmo providenciará.

3. Que sentimentos revela a declaração de Sara de que o Senhor a impedira de ter filhos? (v. 2)

Diz a Bíblia: "
Tendo uma serva egípcia, que se chamava Agar,  2 disse Sarai a Abrão: O SENHOR me tem impedido de ter filhos..." (Gênesis 16.1,2).

Esta palavra de Sara sugere que ela está possuída do sentimento de frustração. Bem que ela queria ser mãe. Bem que ela queria participar da bênção de Abraão, dando-lhe um ou mais filhos, que por sua vez, pudessem dar origem a uma nação. Em geral, a vocação da maternidade é frequente nas mulheres. Sara não era mãe, e, segundo o seu pensamento, nunca seria. Até porque já não poderia mais biologicamente engravidar: passara da idade.

Outro sentimento possível em Sara era a vergonha. Nos dias do Antigo Testamento, se uma mulher não gerasse filhos, acreditava-se que aquilo era resultante de um comportamento desobediente. A mulher estaria sendo punida por Deus com a esterilidade devido a algum pecado não confessado. Devia ser muito triste uma mulher sem filhos sair à rua, e todos olhando-a de modo atravessado. Os leitores da Bíblia se lembram dos sofrimento de Ana, mãe do profeta Samuel, que, por não ter filhos, era desprezada até mesmo dentro de casa (conforme 1Samuel 1).

Outro sentimento possível em Sara é o de incredulidade pois que se o Senhor a impedira de ter filhos, ela deveria crer que o mesmo Senhor poderia mudar isso e dar-lhe filhos.

4. Conforme o verso 3, que iniciativa Sara tomou para tentar resolver o problema?

Supondo que Deus iria até elogiar a sua proatividade, Sara disse a Abraão: "...una-se à minha serva; pode ser que eu venha a ter filhos por meio dela. E Abrão deu ouvidos à palavra de Sarai.  16.3 Então Sarai, mulher de Abrão, tomou Agar a egípcia, sua serva, e a deu por mulher a Abrão, seu marido, depois de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã.  16.4 E ele conheceu intimamente Agar, que engravidou. Ela, então, vendo que estava grávida, passou a olhar com desprezo sua senhora" (Gênesis 16.2-4).

Muitas vezes a nossa falta de fé no Senhor nos leva a tomar decisões que não apenas não resolverão os problemas como até pelo contrário: aumentarão a nossa lista de problemas.

Sara tomou a iniciativa de sugerir que Abraão tivesse relações sexuais com sua escrava egípcia. Socialmente não havia impedimento algum que isso acontecesse. O senhor de escravos podia até tirar a vida do seu escravo, já que esse servidor era considerado sua propriedade particular, como qualquer ovelha ou boi.

Se socialmente não havia problemas, espiritualmente houve. A atitude de Sara revelou a sua incredulidade. Ela não creu que Deus poderia resolver o problema segundo a Sua poderosa Vontade.

O problema foi resolvido? Bem, Agar, a escrava egípcia, ficou grávida. Biologicamente falando, o problema estava resolvido. Mas aí o relacionamento interpessoal na família de Abraão foi de mal a pior: "Então Sarai disse a Abrão: Seja sobre ti a afronta que me é dirigida; coloquei a minha serva em teus braços, mas, vendo ela agora que está grávida, passou a olhar-me com desprezo; o SENHOR julgue entre mim e ti.
16.6 Abrão respondeu a Sarai: A tua serva está em tuas mãos; faze-lhe como bem te parecer. Sarai maltratou-a, e Agar fugiu de sua presença" (Gênesis 16.5-6).

5. De acordo com este texto, há alguma relação entre impaciência e falta de fé?

Sim, a fé espera pacientemente a intervenção de Deus. Portanto, impaciência é falta de fé nas promessas de Deus. Quando eu me atrevo a tomar uma decisão por achar que Deus está demorando demais a agir e o tempo está passando, estou cometendo pecado. Por isso, a cautela recomenda fazer o que o salmista fez: "Esperei com paciência pelo SENHOR, ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor" (Salmo 40.1). 


6. A iniciativa de Sara resolveu, de fato, o problema?

"Ela, então, vendo que estava grávida, passou a olhar com desprezo sua senhora" (Gênesis 16.4). Olha aí! Com essa Sara não contava. A escrava, que naqueles dias socialmente falando seria um zero à esquerda, agora, grávida do senhor, se enche de razão, arrebita o nariz e passa a olhar com desprezo a sua senhora. A lição que aprendemos aqui é que a vontade de Deus é sempre o melhor rumo a seguir. Sara deveria ter esperado o cumprimento da promessa de Deus.

Há uma revista de estudos para discipulado (recomendo para discípulos e discipuladores num estágio em seguida a estes 13 estudos), chamada Maturidade Cristã. Ao estudar o assunto "Vontade de Deus", os autores afirmam:
“Muitas vezes Deus nos revela sua vontade por meio de portas que se abrem ou portas que se fecham. Não entre em porta que você não tenha a certeza de que foi Deus quem abriu. Não desista de bater em uma porta fechada, a não ser que tenha a certeza de que foi Deus quem a fechou” (Maturidade Cristã, Junta de Missões Nacionais, p. 44).
7. Quais os problemas que surgiram a partir da iniciativa de Sara? (vv 4-6; Gn 21.9-13)

Acabamos de ver o que aconteceu com o relacionamento entre Agar e Sara. A escrava esqueceu quem era a senhora, e o clima azedou entre elas. Mas os desentendimentos estavam apenas começando. Nasceu o filho de Agar com Abraão, e o menino recebeu o nome de Ismael. Anos depois, nasceu Isaque, filho de Abraão com Sara, um verdadeiro milagre, já que tanto Sara quanto Abraão eram anciãos. E o tempo foi se fechando na casa de Abraão. 
Leia Gênesis 21.9-14, com atenção e descubra o que aconteceu:
"E Sara viu que o filho que Agar, a egípcia, tinha dado a Abraão estava zombando* de Isaque.21.10 Pelo que disse a Abraão: Manda embora essa serva e o seu filho; porque o filho dessa serva não será herdeiro com meu filho Isaque.21.11 Isso pareceu muito desagradável aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.21.12 Porém Deus disse a Abraão: Não considere isso muito desagradável aos teus olhos por causa do menino e por causa da tua serva. Atende à voz de Sara em tudo o que te diz, porque a tua descendência será reconhecida por meio de Isaque.21.13 Mas também farei uma nação do filho dessa serva, porque ele também é da tua descendência.21.14 Então Abraão levantou-se de manhã cedo e, tomando pão e um cantil cheio d'água, deu-os a Agar, pondo-os sobre o ombro dela. Entregou-lhe também o menino e mandou-a embora. Ela partiu e foi andando errante pelo deserto de Berseba" (Gênesis 21.9-14).
Estamos diante de um texto triste. A atmosfera doméstica na casa do patriarca tornou-se insustentável.  Não bastava a escrava desprezando a senhora, o filho dela também resolve desprezar Isaque. Por causa disso, Abraão teve, com tristeza, de despedir a escrava junto com seu filho Ismael.

Observe, porém, o verso 13, onde Deus promete que fará de Ismael também uma grande nação. Você saberia dizer que nação é essa? Acertou, se respondeu: os árabes. E você sabe que até hoje, judeus e árabes, apesar de "primos", pois são descendentes de Abraão, se desentendem com muita facilidade. Está aí o Oriente Médio, que não nos deixa esquecer que Ismael e Isaque já se desentendiam lá atrás.

Conclusão - Não vale a pena precipitar os acontecimentos; é melhor esperar a vontade de Deus.



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Primeiros Passos


Décimo-Primeiro Encontro - O fariseu e o publicano (Lucas 18.10-14)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:
1. Quem eram os fariseus e os publicanos? 
2. Por que foram orar? Por que as pessoas oram? 
3. Por que a oração do fariseu não foi respondida? (v. 14)
4. Por que a oração do publicano, além de ser menor que a do outro, é a ideal? 
5. Em sua Palavra, Deus fixou condições para responder às orações. Você se lembra de alguma? 
6. Quanto tempo deve durar uma oração? 
7. Quais as formas de Deus responder a uma oração?
Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)

Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Quem eram os fariseus e os publicanos?

Os fariseus e os escribas eram os “santarrões”, os super-hiperreligiosos, formando uma seita dentro do Judaísmo. A palavra "fariseu" quer dizer "separado". Porque, de fato, eles se separavam das pessoas, pra não se contaminarem, diziam. Crê-se que no tempo de Jesus havia uns 6.000 fariseus. Eles olhavam as pessoas de cima pra baixo, desprezando os outros, que eles chamavam de “pecadores”. Esses é que criticavam Jesus (diz o verso 2). Ou seja, achavam-se tão perfeitinhos, que não precisavam de Jesus. Quem se acha perfeitinho ou santarrão, melhor que todo mundo, não tem a humildade de dizer a Jesus: “Senhor, preciso de ti”.

Já os publicanos eram funcionários públicos (judeus) que recolhiam impostos do seu próprio povo para repassá-los aos romanos, mediante gorducha comissão. Eram os agentes da Receita Federal Judaica. Por isso, os publicanos eram vistos como traidores da pátria, homens sem perdão. 

2. Por que foram orar? Por que as pessoas oram?

O fato de as pessoas se curvarem em oração diante do que não veem é mais uma prova de que o homem tem sede de Deus (Salmo 42.1,2). E essa sede é a condição que diferencia o homem dos animais irracionais. Como diria o teólogo A. B. Langston,
“o homem é um ser incuravelmente religioso... As catedrais, os templos, as casas de oração, espalhados por todo o mundo, são testemunhas silenciosas, mas que patenteiam, eloquentemente, esta grande verdade” (LANGSTON, A. B. Esboço de Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1940, p. 141).
Como poderá, pois, o homem fugir de Deus, se o desejo de Deus, a fome de eternidade é algo que nasce com o ser humano? Como poderia alguém fugir de sua própria sombra?  De modo que quando alguém ora, está dando expressão a esse anseio de se relacionar com algo que seja eterno, verdadeiro e absoluto: Deus. Por isso, Jesus diz que dois homens subiram ao templo para orar. Estavam com fome.

3. Por que a oração do fariseu não foi respondida? (v. 14)

Compare as duas orações: a do fariseu foi uma oração vaidosa, se é que é possível chamar aquilo de oração. Aliás, as duas orações são radicalmente diferentes e contrárias: já no tamanho (a do fariseu tem 29 palavras no original grego, a do publicano apenas 6), já no conteúdo (um se exalta, o outro se humilha) e também se diferenciam nos resultados: um desce “justificado”, o outro não. Jesus disse do publicano: "Digo-vos que este desceu justificado para casa, e não o outro; pois todo o que se exaltar será humilhado; mas o que se humilhar será exaltado" (verso 14). 

A oração do fariseu não foi respondida porque, estritamente falando, ele não orou. Ele apenas fez um discurso em que declarava a sua própria bondade. Orar não é proferir um discurso de autoelogio preconceituoso, como ele fez nos versos 11 e 12. A oração desse fariseu revela vários equívocos:
Equívoco número 1 - O equívoco de se isolar dos outros adoradores
A expressão “orava consigo” indica que ele estava, como bom fariseu, “separado” do publicano. Ele não queria contato com ninguém. E quando viu o outro, foi para desprezá-lo. No tempo de Jesus, foi escrito um livro chamado Assunção de Moisés. Nele, os fariseus são descritos assim: “E embora as suas mãos e as suas mentes toquem coisas impuras, a sua boca fala de grandes coisas, e além disso eles dizem: ‘Não me toquem, para que vocês não me poluam no lugar (em que estou)...’ (BAILEY, Kenneth. As parábolas de Lucas. 3ª. ed. São Paulo: Vida Nova, 2005, p. 332).
Equívoco número 2 - O equívoco de se presumir inocente
Por que ele não seria como os demais homens, se todos pecaram? Ele pensa que, por causa de suas práticas religiosas, ele seria diferente. Veja o elenco de coisas que ele menciona (vv. 11-12: “...roubadores, injustos, adúlteros... e [ser] publicano”).
Esse santarrão arrota o seu orgulho religioso dizendo que jejuava duas vezes na semana, e dava os dízimos de tudo quanto possuía (v. 12). A lei exigia apenas um jejum como obrigatório: um dia por ano, que acontecia no Dia da Expiação. Mas este homem se orgulha de fazer isso duas vezes por semana. “Aqueles que desejavam obter algum mérito diante de Deus jejuavam às segundas-feiras e às quintas-feiras”, comenta William Barclay. Em vez de uma vez, ele jejuava 108 vezes no ano. É claro que a oração do arrogante não sobe ao céu. Ela faz boa figura, impressiona as pessoas, mas não sensibiliza o coração de Deus, que não escuta a oração do orgulhoso
Equívoco número 3 - O equívoco de usar a oração para insultar o seu vizinho
No verso 11, ele agradece a Deus por não viver errado: “...nem ainda como este publicano”. Infeliz é aquele que usa a religião para desprezar os outros. Muito antes de Hitler, os judeus já eram desprezados pelos europeus em geral. Havia como que uma cultura de acusação contra os judeus pelo que acontecera a Jesus Cristo. Mesmo as crianças dos judeus eram discriminadas e perseguidas. O judeu Elie Wiesel miraculosamente sobreviveu aos campos de concentração em Auschwitz e Buchenwald. Conta que ao chegar a Auschwitz, uma das primeiras cenas que viu foi um caminhão despejando bebês numa vala onde havia labaredas de metros de altura. “Jamais esquecerei o que vi naquela noite”, escreveu.  Quando ele era criança, escreveu ainda, vivia com medo. Ele atravessava uma rua para evitar passar na frente de uma igreja cristã, em seu país, a Romênia. Ele desconhecia totalmente o que era ser um cristão e, de fato, não tinha o menor desejo de saber. Em suas memórias, incluiu esta:
“Na escola, eu sentava ao lado de meninos cristãos da minha idade, mas nunca dirigíamos a palavra uns aos outros. À hora do recreio, brincávamos separados por uma muralha invisível. Jamais fui à casa de um colega de escola cristão. Nada tínhamos em comum (...) Tudo o que eu sabia do cristianismo era que tinha muito ódio ao meu povo” (IN: AIKMAN, David. Great Souls: Six who changed a century. Oxford: Lexington Books, 2003, p. 363).
O orgulho do fariseu é muito perigoso.
4. Por que a oração do publicano, além de ser menor que a do outro, é a ideal?

A oração do publicano é a ideal porque ele, como humildade, suplicou a Deus misericórdia: "Tem misericórdia de mim, pecador" (verso 13). E só faz essa oração, suplicando misericórdia, aquele que se reconhece miserável, inútil, pecador. Alguém fez uma distinção curiosa entre graça e misericórdia. Graça é recebermos o bem que não merecíamos. Misericórdia é não recebermos o mal que merecíamos. Para o pecador arrependido, a graça de Deus é misericordiosa.

5. Em sua Palavra, Deus fixou condições para responder às orações. Você se lembra de alguma?

Pergunte ao discipulando se ele conhece a oração do Pai Nosso. Na oração do Pai Nosso, a chamada oração-modelo, Jesus ensinou: "E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como também temos perdoado aos nossos devedores" (Mateus 6.12). Quando termina a oração, Jesus volta a esse tema do perdão e deixa ainda mais claro: "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará;  15 se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas" (Mateus 6.14-15). Para que nossas orações subam ao Trono de Deus precisamos nos livrar de ressentimentos e mágoas contra outros irmãos.

No Salmo 66, o autor lembra outra condição: "Se eu tivesse guardado o pecado no coração, o Senhor não me teria ouvido" (Salmo 66.18).

Jesus fixou também outra condição. A de orarmos em seu nome: "Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei" (João 14.14). E a de orarmos com fé: "e tudo o que pedirdes em oração, crendo, recebereis" (Mateus 21.22).

Outra condição para que Deus responda às nossas orações é que elas sejam segundo a vontade de Deus: “E esta é a confiança que temos nele: se pedirmos alguma coisa segundo sua vontade, ele nos ouve” (1João 5.14). 

6. Quanto tempo deve durar uma oração?

Não há tempo especificado na Bíblia para a duração de uma oração. Vimos que a oração do fariseu foi muito mais longa que a do publicano. E não adiantou nada. Segundo Jesus, os incrédulos "pensam que serão ouvidos pelo muito falar" (Mateus 6.7). De modo que a eficácia da oração não está condicionada ao tempo ou ao modo (Só de olhos fechados? Só de joelhos?). 

É claro que o bom senso recomendará prudência no uso do tempo, se for uma reunião pública. Se estivermos orando numa reunião planejada para ter uma hora de duração e formos orar 45 minutos, acabaremos com a reunião. Além do fato de que numa oração pública é preciso levar em conta a capacidade de atenção das pessoas.

7. Quais as formas de Deus responder a uma oração?

Quando Paulo orou a Deus pedindo a remoção do seu espinho na carne, o Senhor lhe respondeu: Não (2Coríntios 12.9-10). E quando Deus responde pela negativa, muita gente se fecha em sua amargura. “Ficamos tão arrasados pelo Senhor que fecha portas, que não nos comunicamos mais com o Senhor que abre portas” (Olavo Feijó, “Ninguém vive para si”, Gotas Bíblicas-1, p. 51).

Vamos resumir o ensino da Palavra de Deus sobre as formas de Deus responder às nossas orações:
7.1. Às vezes, Deus responde “sim”
Raquel pediu a Deus um filho (Gn 30.22,23). A resposta foi sim. Moisés pediu a Deus a cura de Miriã (Nm 12.13). A resposta foi sim.Ana pediu a Deus um filho (1Sm 1.11). A resposta foi sim. Ezequias pediu mais tempo de vida. A resposta: sim (2Rs 20.5).Elias pediu fogo sobre o altar de Baal. A resposta foi sim (1Rs 18.36). Depois, pediu fogo do céu sobr e 100 homens. De novo, sim (2Rs 1.12). Salomão pediu sabedoria. A resposta: sim (1Rs 3.9).Das entranhas do peixe, Jonas pediu livramento. A resposta: sim (Jonas 2). Zacarias e Izabel pedem um filho. Resposta de Deus: sim (Lc 1.13). Dez leprosos pedem compaixão. São curados (Lc 17.11-14). O cego de Jericó pede vista. Sai vendo (Lc 18.35-43). No dicionário de Deus não existe a palavra impossível. Mas esta não é a única maneira de Deus responder. 
7.2. Às vezes, Ele responde “não”
Se muitas vezes Deus responde sim, algumas outras ele responde claramente não.
Por que às vezes Deus responde não?
7.2.1. Ele responderá NÃO, porque podemos ter motivos errados. Como explica Tiago: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg 4.3).
7.2.2. Ele responderá NÃO, em função de nossa imaturidade espiritual.
7.2.3. Ele pode ainda responder negativamente SEM que nos dê qualquer explicação. A pergunta que me faço sempre é por que Deus teria que nos dar explicações? Ele pode ter outros planos para nós. E afinal, Ele é o Senhor, e não nós.
Deus pode responder Não às suas orações. Foi o que aconteceu com Moisés, com Paulo e o próprio Jesus. Examinemos estes três casos:
MOISÉS ouviu um Não como resposta
Chegando à fronteira de Canaã, depois de 40 anos se locomovendo no deserto, Moisés pede a Deus que o deixe entrar naquela Terra tão sonhada. Conta ele em suas memórias:
 "Naquele tempo, também supliquei ao SENHOR:3.24 Ó SENHOR Deus, tu já começaste a mostrar ao teu servo tua grandeza e tua forte mão. Que deus há no céu ou na terra, que possa fazer as obras e os grandes feitos que fazes?3.25 Peço-te que me deixes atravessar, para que eu veja essa boa terra do outro lado do Jordão, essa boa região montanhosa, e o Líbano!3.26 Mas o SENHOR indignou-se muito contra mim por causa de vós, e não me atendeu; antes me disse: Chega! Não me fales mais nisso.(Deuteronômio 3.23-26).
PAULO ouviu um Não como resposta
“...foi-me dado um espinho na carne... acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Coríntios 12.7-10).
JESUS ouviu um Não como resposta
“...prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26.39). Aprendi, quando jovem, uma frase que me acompanha pela vida e me ajuda a entender muita coisa. Diz assim: “Quando Deus nega o bom, é porque ele vai mandar o melhor”.
3. Às vezes, Deus responde “agora não”

Ana pediu a Deus um filho. Deus atendeu. Mas não na hora. Ana teve que esperar o tempo de Deus. O salmista disse: “Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor” (Salmo 40.1). 

Antes de deixar definitivamente a terra, Jesus prometeu aos discípulos enviar-lhes o Espírito Santo. Mas “ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes” (At 1.4).

O problema é que somos uma sociedade sem paciência. Não esperamos pela comida, por isso inventamos o que se chama fast food. Não temos paciência para filas de bancos, daí a invenção do Banco 24 Horas. Não temos paciência para chegar em casa e usar o telefone; inventamos o celular. O computador tem que ser de última geração. O carro tem que ser um avião, mesmo que nossas estradas estejam mais para trilha de burro. Falta-nos paciência na família, no trânsito, na igreja, no namoro... Talvez nossa oração mais necessária seja: "Ó Deus, dá-me paciência para esperar o teu tempo em minha vida!". 

E finalmente...

4. Às vezes, Deus responde “desse jeito, não”

Sua resposta virá, mas não do modo como esperávamos que ele fosse responder. Diante do Mar Vermelho, e sabendo que o poderoso exército de Faraó vinha atrás, Israel esperava que Deus fosse libertá-los. Mas como? Talvez alguns tenham pensado: "Bom, o exército de Deus é mais forte que o de Faraó, e Deus vai esmagar os egípcios bem diante dos nossos olhos". Outros podem ter pensado: "Deus pode descer e nos arrebatar na hora H". Ninguém deve ter imaginado que Deus fosse abrir o mar e criar nele um caminho. Discipulador, vou te dizer uma coisa. Tenho mais de meio século de caminhada cristã. E sabe quais as qualidades de Deus que mais me impressionam? O fato de Ele me amar "de tal maneira", pecador como sou, e o fato de eu ficar de queixo caído com as soluções de Deus para as minhas crises. Deus é simplesmente surpreendente.

Aguardemos as surpresas de Deus. Continuemos orando!




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Primeiros Passos

Décimo-Segundo Encontro – A ressurreição de Tomé (João 20.19-29)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Por que os discípulos estavam com medo dos judeus?  Você tem medo de alguma coisa?

2. Por que você acha que Tomé não estava com os discípulos quando Jesus apareceu a eles na tarde daquele primeiro domingo da ressurreição?


3. As condições que Tomé estipulou para crer que Jesus estava vivo eram razoáveis ou absurdas?  O que elas nos revelam da personalidade de Tomé?


4. Por que "oito dias depois" (João 20.26), Tomé estava com eles?


5. Quando Jesus apareceu de novo, e Tomé estava com eles, Jesus foi logo mostrando as mãos e o peito a Tomé e lhe disse: "Não sejas mais incrédulo, mas crente" (v. 27). Qual é a importância dessa palavra de Jesus?


6. Ao dizer a Jesus "Senhor me, e Deus meu", Tomé revela a sua rendição à divindade de Jesus, reconhecendo que Ele é Deus e não apenas "mais um profeta". E em resposta Jesus lhe diz: "Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram" (verso 29). Com esta palavra será que Jesus proíbe a busca de evidências? Qual é melhor: ver para crer ou crer para ver?


7. Depois de sua rendição a Cristo, Tomé é visto com os discípulos, trabalhando com eles (João 21.1-3), orando com eles (Atos 1.13-14) e indo até os confins da terra, levando a graça de Cristo a todos. O que será que provocou uma mudança tão grande em sua vida? Por que, ele que estivera ausente antes, agora está presente e participando de tudo?


Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)


Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Por que os discípulos estavam com medo dos judeus?  Você tem medo de alguma coisa?

Todo mundo tem medo de alguma coisa. Alguns dos nossos temores são irracionais; outros, justificáveis. Nosso texto começa dizendo que os discípulos estavam reunidos com as portas fechadas "com medo dos judeus". 

Por que esse medo? Porque viram a polícia levando Jesus e castigando-o injustamente. Viram que Jesus recebeu a pena máxima aplicada pelo regime romano: a crucificação. Portanto, o cenário era de meter medo em qualquer ser humano normal. Crucificação não era piquenique, e os romanos não estavam na Palestina para brincadeira.

2. Por que você acha que Tomé não estava com os discípulos quando Jesus apareceu a eles na tarde daquele primeiro domingo da ressurreição?


O texto não diz por quê. Mas é possível conjecturar, a partir do que Tomé viu acontecer naqueles dias. O fato de Jesus ter sido preso e levado para a cruz e ali ter sido humilhado, açoitado e morto, deve ter lançado um jato de água fria nas convicções de Tomé. Talvez tenha até pensado: "Investi três anos da minha vida num projeto falido. Acreditei que Jesus poderia ser o Messias que Deus prometera a Israel, mas o que vi foi uma pedra sendo rolada fechando o túmulo em que ele fora posto". Então, sendo assim, não fazia mais sentido estar com os discípulos. Era cuidar da vida e seguir em frente. Jesus teria sido a grande decepção da vida de Tomé.

3. As condições que Tomé estipulou para crer que Jesus estava vivo eram razoáveis ou absurdas?  O que elas nos revelam da personalidade de Tomé?

Do ponto de vista de quem perdeu a fé, eram razoáveis. Afinal, se ele viu Jesus descer ensanguentado da cruz e posto no túmulo, como poderia ser verdade o que os discípulos diziam? Tomé é um judeu, religioso, sim, mas ele exige evidências para crer. Ele quer ver os sinais dos pregos nas mãos do Senhor; quer ver a cicatriz no peito perfurado pela espada do soldado (João 19.34). Se não vir esses sinais, declara categoricamente, não crerá.

Certa vez, um pregador, falando das dúvidas de Tomé, disse: Foi bom que tenha havido entre os discípulos alguém com o espírito científico de Tomé. Ele estabelece condições para retornar à sua fé: quer comprovação. Se a história da ressurreição tivesse sido uma "armação" da parte dos discípulos, Tomé os teria desmascarado.

4. Por que "oito dias depois" (João 20.26), Tomé estava com eles?


Oito dias depois...", ou seja, no domingo seguinte, os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar. E de repente, o que aconteceu no domingo anterior aconteceu de novo: Jesus chegou, sem que portas ou janelas fossem abertas. Mas agora, Tomé estava com eles. Ou seja, Tomé ficou uma semana sem a visão do Senhor ressuscitado, uma semana refém da dúvida, uma semana em jejum de certezas, uma semana de prejuízo espiritual. Pense nos irmãos que por qualquer razão se ausentam do culto. Perdem uma semana de alimento espiritual.

5. Quando Jesus apareceu de novo, e Tomé estava com eles, Jesus foi logo mostrando as mãos e o peito a Tomé e lhe disse: "Não sejas mais incrédulo, mas crente" (v. 27). Qual é a importância dessa palavra de Jesus?

Em poucas palavras, Jesus desafia Tomé a substituir a incredulidade pela fé. O Novo Testamento ensina que a falta de fé leva o homem para o inferno (Lucas 16.19-31). Não vale a pena patinar no pântano da incredulidade. "crente", no Novo Testamento, é aquele que passou para o Senhor Jesus o controle da sua vida.

6. Ao dizer a Jesus "Senhor meu, e Deus meu", Tomé revela a sua rendição à divindade de Jesus, reconhecendo que Ele é Deus e não apenas "mais um profeta". E em resposta Jesus lhe diz: "Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram" (verso 29). Com esta palavra será que Jesus proíbe a busca de evidências? Qual é melhor: ver para crer ou crer para ver?

Não. Jesus não proíbe a busca de evidências. Até porque a fé cristã resiste aos testes mais exigentes, senão não teria sobrevivido ao longo da história. Os exércitos romanos a teriam esmagado junto com os mártires que essa fé produziu. Mas Jesus afirma que a fé melhor é aquela que não precisa de provas. É a que "salta no escuro", como bem fraseou o teólogo dinamarquês Kierkegaard. A expressão provavelmente deriva de uma historieta antiga. Houve certa vez um incêndio numa casa. O garotinho, que dormia na parte de cima, foi acordado pelo fogo e tentou fugir, mas não conseguia. Ouvindo a voz de seu pai a chamá-lo, o garoto chegou até a janela. Como era noite e tudo estava escuro, ele não conseguia ver seu pai, lá embaixo. O pai lhe dizia: "Meu filho, pula". O filho chorava e respondia: "Papai, como vou pular? Eu não estou vendo você". O pai disse então: "Meu filho, pode pular; você não está me vendo; mas eu estou vendo você". Jesus diz a Tomé: "Bem-aventurados os que não viram e creram". 

7. Depois de sua rendição a Cristo, Tomé é visto com os discípulos, trabalhando com eles (João 21.1-3), orando com eles (Atos 1.13-14) e indo até os confins da terra, levando a graça de Cristo a todos. O que será que provocou uma mudança tão grande em sua vida? Por que, ele que estivera ausente antes, agora está presente e participando de tudo?


Tomé mudou sua visão de mundo a partir de sua visão do Senhor Jesus ressuscitado. E quando a mudança ocorre dentro da gente, então outras mudanças se efetuam e se percebem. Às vezes é comum encontrar crentes desmotivados, não querendo mais ir à igreja, indiferentes à Palavra de Deus. Se você perguntar a a razão do esfriamento, ouvirá que o problema é o tipo de música que se canta, o tipo de sermão que se ouve, o tipo de relacionamento que os crentes mantêm entre si. Tudo isso pode ser levantando como argumento, mas no fundo sabemos que a verdadeira razão é uma só: falta uma visão do Senhor ressuscitado. Os apóstolos eram os mesmos, o cenário de Jerusalém era o mesmo, o mar da Galileia era o mesmo, os romanos ainda dominavam a Palestina, ou seja, tudo continuava igual, menos Tomé. Agora ele era um Tomé ressuscitado.

Concluamos este estudo pensando na vitória de Jesus sobre a morte. O cristão não cultua um ídolo morto. Jesus “não é um defunto embalsamado nas páginas da história” (W. C. Taylor). Taniguchi, o fundador do Seicho-no-iê, está morto. Alan Kardec, o teórico do espiritismo, está morto. Buda morto está. Maomé é visitado em seu túmulo sempre pelos muçulmanos em Meca, na Arábia Saudita. Bahá-uláh, o fundador da Fé Bahá'i, está sepultado no Monte Carmelo. Mas Jesus está vivo. Celebrem isso, discipulador e discipulando!


 


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13. Primeiros Passos 

Décimo-Terceiro (Último) Encontro - O Desafio de Discipular (2Timóteo 2.1-2)

Vamos responder juntos às seguintes perguntas:

1. Quais alguns métodos para se falar de Jesus? De todos os métodos, o de compartilhar a fé pessoalmente é o mais eficaz. Por quê?

2. O que é um discípulo? Sabemos que Jesus teve vários discípulos, mas é possível ser discípulo de alguém além de Jesus? Então, o que é ser discípulo de Jesus?


3. Leia Marcos 3.14 ("Então designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a pregar"). Por que Jesus chamou alguns discípulos? O que isso nos ensina sobre o discipulado?


4. Como as palavras de Paulo a Timóteo são um incentivo ao discipulado? O que é discipulado? Como discipular é diferente de ensinar?


5. Por que a falta do discipulado acaba dando o resultado de crentes superficiais e uma igreja que não cresce?


6. Qual a relação entre "graça" (verso 1) e a experiência do discipulado?


7. Você é um discípulo ou um discipulador?

Roteiro para o Discipulador (Possíveis Respostas)


Após a leitura da Bíblia, que pode ser feita por um ou alternadamente pelos dois, peça que o discipulando reconte a história que acabou de ler ou ouvir. Isto é importante, porque ele vai se familiarizar com o conteúdo.

Em seguida, faça as perguntas, mas, de novo, deixe que ele responda. As respostas aqui dadas são apenas uma sugestão, caso você precise.

1. Quais alguns métodos para se falar de Jesus? De todos os métodos, o de compartilhar a fé pessoalmente é o mais eficaz. Por quê?

Pode-se comunicar a mensagem de Cristo através de cartas, cartões, CDs, telefonemas, mensagens eletrônicas (e-mail, rede social, whatsapp etc.), jornal, rádio, TV, cultos em igrejas, em tendas de circo, em ginásios cobertos, em estádios, em reuniões ao ar-livre, folhetos, doação de livros, Bíblias etc.

De fato, porém, nada, absolutamente nada, supera o contato pessoal, a conversa olho-no-olho, face a face, tête-à-tête. Por quê?

O método de compartilhar a fé pessoalmente é o mais eficaz porque é direto, objetivo, atende à necessidade que todos temos de calor humano, permite que o evangelista responda direta e imediatamente às questões levantadas pelo evangelizando, como foi o caso de Filipe e o eunuco (ver estudo do Quarto Encontro) e propicia oportunidade de camaradagem, como em nenhum outro método. Era o método preferido de Jesus, de Paulo, de Filipe (Atos 8.26-40). Atrás de cada decisão pública por Cristo há sempre um histórico de contato pessoal.

2. O que é um discípulo? Sabemos que Jesus teve vários discípulos, mas é possível ser discípulo de alguém além de Jesus? Então, o que é ser discípulo de Jesus?

O discípulo é aquele que aprende. O discípulo de Jesus aprende com Jesus: a orar, a evangelizar, a viver uma vida coerente com a vontade de Deus. Os discípulos de qualquer mestre naqueles dias iam junto dele pra onde fosse. Ser discípulo de Jesus é, portanto, segui-lo por onde for.

3. Leia Marcos 3.14 ("Então designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a pregar"). Por que Jesus chamou alguns discípulos? O que isso nos ensina sobre o discipulado?

Antes de Jesus enviar os discípulos ao mundo, Jesus os chamou "para que estivessem com ele". A intimidade com Jesus é que daria àqueles homens simples a ousadia e a sabedoria para irem por todo o mundo e prearem o evangelho a toda criatura.

4. Como as palavras de Paulo a Timóteo são um incentivo ao discipulado? O que é discipulado?

Discipular é transmitir a alguém aquilo que a gente recebeu. Ibn Gabirol, grande poeta e filósofo judeu medieval, dizia: "Na busca pelo conhecimento o primeiro passo é o silêncio; o segundo, o ouvir; o terceiro, relembrar; o quarto, praticar; e o quinto, ensinar os outros". Paulo está instruindo Timóteo a repassar o que recebeu a pessoas também competentes para ensinar a outros. Essa dinâmica foi perdida ao longo da história da igreja. Felizmente, porém, a temática do discipulado parece ter retornado à agenda da igreja.

5. Por que a falta do discipulado acaba dando o resultado de crentes superficiais e uma igreja que não cresce?

Uma vez que religião é relação pessoal com Deus, a fé cristã tem, no relacionamento interpessoal, a sua maior força. Onde falta discipulado, sobra superficialidade. E onde há superficialidade, o crescimento é artificial.

Como é que se faz discípulo? Conhecendo a pessoa. Conversando com a pessoa. Orando com ela. Sorrindo com as alegrias dela. Chorando com as tristezas dela. Observe que Paulo chama Timóteo de “meu filho”. Será que a gente chama todo mundo por aí de “meu filho”? Ou só as pessoas que conhecemos e a quem queremos bem?

6. Qual a relação entre "graça" (verso 1) e a experiência do discipulado?

Falar em discipulado para quem ainda não é discípulo é o mesmo que tentar descrever para um cego a beleza das cores do arco-íris. Paulo instrui Timóteo a se fortificar “na graça que há em Cristo Jesus” (v. 1). A palavra GRAÇA não está aí por acaso. Toda a experiência de caminhar com Deus se inicia com a graça. “Pela graça sois salvos”, diz a Bíblia (Efésios 2.8-9). A Bíblia claramente ensina que fora da graça não há salvação. É a graça que dispara o processo do relacionamento com Deus. É ela que me faz sentir tristeza pela minha condição espiritual de perdido e condenado e me impulsiona a buscar refúgio em Cristo.

7. Você é um discípulo ou um discipulador?

O ideal é ser um discípulo (aquele que aprende) e, ao mesmo tempo, um discipulador (aquele que ensina). Devemos sempre estar abertos para aprender alguma coisa. O grande cientista Galileu Galilei dizia: “Jamais encontrei alguém tão ignorante que não tivesse algo a me ensinar”. Quando duas pessoas se reúnem semanalmente para o discipulado, as duas aprendem.


Que tal, para terminar, vocês assistirem a este vídeo? Comentem-no.




 


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E agora, que acabou esta série, o que vai acontecer?

Se o discipulador perceber que o discipulando tem pique para mais investimento de tempo, pode recomendar o livro de Rick Warren, Uma vida com propósito. Pode ainda, se o discipulando desejar, continuar os encontros para que ambos discutam o livro, capítulo por capítulo. 

Por que é importante continuar investindo na vida espiritual? 

Porque a Palavra nos manda crescer "na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2Pedro 3.18). Estudar a Bíblia, anotar, perguntar, pesquisar... tudo isso é parte do processo de crescimento. Além disso, sugiro que você comece a formar a sua própria biblioteca, com livros que edifiquem a sua alma e desafiem você a ser um crente melhor.


Finalmente, não esqueça o que foi dito lá em cima: você crescerá ainda mais, na medida em que passar adiante o que você aprendeu durante esse tempo. Ore a Deus pedindo que Ele envie uma pessoa para você discipular. Pode ser de sua faixa etária, ou não. Mas deve ser do mesmo sexo. Combine com ela um dia e um horário em que vocês possam ler o texto bíblico e responder às perguntas. Está provado que tanto cresce o discipulando como cresce o discipulador.



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NOTA: Este material, preparado para o discipulado na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, pode ser usado livremente para o processo de discipulado em qualquer igreja, comunidade ou pequeno grupo, desde que não seja publicado com fins lucrativos.

Deus abençoe o seu ministério, discipulador!


Se desejar, conheça também o nosso Currículo para os Novos Crentes. "Assim Cremos" está aqui: http://novoscrentes.blogspot.com.br/